Expectativa de aceleração da inflação e manutenção da taxa Selic
A semana será particularmente agitada em termos de cenário econômico. Na quarta-feira (20), o Banco Central anuncia a decisão sobre da taxa básica de juros do Copom (Comitê de Política Monetária). No dia seguinte, será divulgado o IPCA-15, com a evolução dos preços ao consumidor de meados de maio a meados de junho. Esta medição será particularmente importante, pois capturará integralmente o período de greve dos caminhoneiros, sinalizando também qual será o vetor inflacionário do mês vigente.
A leitura do mercado acerca da inflação e da política monetária se alterou abruptamente nas últimas semanas. Além da forte desvalorização do real, os preços aos consumidores sofrem pressão da alta por conta de preços de commodities e custos mais altos de fretes. Disso resulta um cenário de inflação mais desafiador na visão do mercado.
A projeção da MAPFRE Investimentos para a inflação em 2019 é de 5,1%. Trata-se de estimativa superior à meta estabelecida, de 4,25%, mas dentro do intervalo de tolerância, entre 4,25% e 5,75%. A perspectiva para o próximo ano contempla continuidade de pressões de preços administrados. Preços de combustíveis seguirão pressionados, sobretudo por conta da manutenção da política de preços da Petrobras, ainda que com ajustes quanto a sua periodicidade. As tarifas de energia elétrica também continuarão apertando o orçamento familiar em razão do baixo nível dos reservatórios hidrológicos. Preços de alimentos, por sua vez, também aumentarão em 2019. Com o aumento dos valores de insumos e custos de fretes, produtores agrícolas buscarão recompor suas margens de lucro.
Qual o reflexo desse cenário de preços para a política monetária, mais especificamente a reunião do Copom desta quarta-feira? O Banco Central utilizou a queda da inflação como justificativa para a flexibilização da sua política monetária. Como mencionamos, a perspectiva para 2019 é de aceleração da inflação. A despeito disso, nossa expectativa é de que a decisão deste Copom deverá ser de manutenção da taxa Selic em 6,5% a.a. Primeiro, porque as expectativas para a inflação do ano que vem ainda estão ancoradas. Segundo, porque a volatilidade cambial reduz o grau de confiança em qualquer cenário. Neste caso, a estabilidade da taxa de juros constitui uma decisão adequada. Isso não significa, entretanto, que estaremos isentos de movimentos de ajustes nas curvas de juros.
Gestão
O clima de nervosismo predominou no mercado novamente na semana de 11 de junho nos ativos locais. A bolsa operou em forte queda, devido ao movimento de zeragem de investidores estrangeiros em países emergentes. O dólar seguiu sua trajetória de valorização frente às principais moedas mundiais. Na Argentina, o peso segue em forte desvalorização, atingindo níveis acima de ARS 28,00 por dólar, fato que deve provocar forte aumento da inflação por lá. A MAPFRE Investimentos está atenta ao risco de contaminação do Brasil com os acontecimentos de Argentina, Turquia e África do Sul.
O mercado de juros seguiu sobre forte pressão ao longo de toda semana, com a curva futura chegando a precificar aumentos de 0,5% em todas as reuniões até maio de 2019, somando nove altas no total. Observamos forte movimento de zeragem de posições no mercado de juros nas últimas semanas, com aumento da aversão ao risco. Cabe aguardar a próxima reunião do Copom quinta-feira para verificar a postura do Banco Central diante da piora do cenário externo e do maior risco para os mercados emergentes, atingido pela fuga de capital estrangeiro.
A Bovespa também continuou o movimento de desvalorização, encerrando a quinta semana seguida de queda. Os economistas vêm revisando para baixo as projeções de crescimento da economia brasileira e aumentando as de inflação, o que impactará diretamente os resultados das empresas. Com isso, observamos menor apetite dos investidores estrangeiros e locais à renda variável local. Acreditamos que a volatilidade ainda permanecerá elevada nas próximas semanas.
CDN Comunicação