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22 Nov

Evento demonstra que país continua parado no tempo e atrás de países como a Colômbia

Por: Carlos Pacheco

Com o objetivo de desenvolver a cultura de gestão de riscos e seguros no Brasil e capacitar profissionais desses segmentos, o Clube Internacional de Seguros de Transportes (Cist) realiza workshops mensais em várias regiões do país. Em São Paulo,  executivos do ramo de transportes e logística debateram o tema “Entenda como funcionam as questões de riscos e seguros do Transporte de Cargas na América Latina”. Estes workshops são uma realização do Cist e da Associação Latino-americana de Seguros Marítimos (Alsum).

No primeiro painel, o engenheiro industrial e gerente de Seguros Gerais da Equidad Seguros, David Osorio Gutierrez, falou sobre os “Novos Modelos de Negócio para Contratação de Seguro por Trajetos para Transportadores. O Caso de Sucesso Colombiano”. Inicialmente, Gutierrez apresentou um estudo comparativo do transporte rodoviário, em termos de seguro de responsabilidade civil, envolvendo cinco países da América Latina. “No Brasil, aumenta a penetração do seguro obrigatório. É um mercado relevante também para Chile e Colômbia”, avaliou o executivo. Os demais países são Argentina e México.

Gutierrez falou de sua experiência na Equidad Seguros, uma companhia multicanal, com forte atuação social, que exibe um portfólio diversificado de produtos e soluções. No campo dos riscos patrimoniais, a companhia adota a filosofia da “responsabilidade solidária” entre o embarcador, a transportadora e a companhia. Explicou como funcionam os limites, franquias e coberturas de apólice específica. Entre os benefícios da proteção, segundo Gutierrez, “a transportadora adquire um significativo controle sobre a cobertura de sua própria responsabilidade. A Equidad atua num mercado pujante e em franca expansão. Na Colômbia, há companhias especializadas que prospectam transportadores de cargas pesadas e operadores logísticos.

Logística do século 19

“A complexidade e desafios dos riscos logísticos no Brasil: A visão do embarcador” foi o segundo tema ministrado pelo Regional Insurance Manager for Latam da Cargill, Carlos Branco. O panorama apresentado por Branco avaliou o uso de quatro modais: rodovias, ferrovias, dutovias e hidrovias no transporte de produtos. O diagnóstico se remete a uma “logística o século 19” no Brasil.

O gerente da Cargill exibiu estatísticas quanto à extensão de vias em milhares de quilômetros de seis países. No caso das ferrovias, enquanto a Rússia utiliza 80% de sua malha e os Estados Unidos 45%, o Brasil exibe apenas 15% da malha em funcionamento, com 30,6 mil km de vias implantadas. Destas 1.121 km são eletrificadas.

Entre 1870 e 1930, o país viveu o auge do transporte ferroviário, responsável pelo escoamento da produção agrícola. Mas, segundo Branco, a partir de então, o sistema começou a estagnar paulatinamente. “Nós temos uma rede distribuída em 22 estados e mais o Distrito Federal que não se comunica disposta em quatro bitolas diferentes. Para que isso?”, questionou.

O cenário da malha rodoviária é igualmente desastroso. “Levamos oito anos para pavimentar a primeira rodovia, em 1928”, lembra o executivo. Se nas décadas de 40 e 50, o governo investiu pesadamente, sobretudo no governo JK o mesmo não aconteceu a partir da década de 70, com o advento do Plano Nacional de Viação. Modernizamos muito pouco. O dinheiro do contribuinte não é revertido para o sistema”, advertiu.

Nas estatísticas exibidas por Branco, há um abismo entre algumas nações desenvolvidas e o nosso país. Os Estados Unidos, com 4,3 milhões de quilômetros pavimentados, seguido de China (1,57 milhão de km) e Índia (1,56 milhão) perdem de vista o Brasil, com apenas 219 mil km de rodovias asfaltadas. Em meio ao quadro dantesco, Branco aponta três desafios no século 21, espécies de “lições de casa” para o governo: reduzir custos logísticos em matéria de transportes, distribuir produtos com mais eficiência e rapidez e gerar emprego e renda em toda a cadeia de distribuição.

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