Se você está lendo esse texto, sabe que o mercado de seguros brasileiro está sendo continuamente transformado pela implementação do Open Insurance. Este movimento, que faz parte de uma tendência global, existe para empoderar clientes na gestão de seus dados e para fomentar a criação de novas soluções, mais personalizadas e competitivas – aliás, competitividade é uma palavra-chave no setor, já que os seguros ainda são usados por uma parcela relativamente pequena do Brasil. Hoje, apenas 25% dos brasileiros têm algum tipo de seguro. Mais do que um problema, isso representa uma enorme oportunidade para todo o mercado. E o Open Insurance é a ferramenta ideal para isso.
Acesso aos dados e personalização
O acesso aos dados pessoais dos clientes (sempre consentidos) é o coração do Open Finance. Com custos menores para coleta, processamento e armazenamento aliados a novas ferramentas de processamento, é possível imaginar um novo ecossistema. Além disso, o segmento ainda se beneficia de inovações como a digitalização e tokenização para abrir caminhos para novas soluções.
A ultra personalização é um dos maiores benefícios trazidos pelo Open Insurance. Através do acesso detalhado e consentido aos dados dos clientes, as seguradoras podem oferecer produtos e serviços altamente personalizados, ajustados às necessidades específicas de cada cliente. Isso vai muito além da simples segmentação de mercado tradicional.
Imagine um seguro de saúde que se adapta ao seu estilo de vida e histórico médico, oferecendo cobertura exatamente para as suas necessidades e até sugerindo medidas preventivas para melhorar sua saúde com base nos seus dados de saúde e hábitos. Ou um seguro de automóvel que ajusta o valor da apólice de acordo com seu comportamento ao volante, recompensando motoristas cautelosos com descontos e benefícios.
Além do Brasil, que é referência em Open Finance, países como o Reino Unido e Austrália já implementaram sistemas de compartilhamento de dados, que estão sendo gradativamente expandidos para outros setores.
SPOCs são o assunto da vez
Hoje, o cronograma de implementação está dividido em três fases. Na fase 1, as seguradoras disponibilizam informações sobre seus canais de atendimento, produtos e serviços. Na fase 2, temos o compartilhamento de dados dos clientes com as seguradoras. A grande novidade está na fase 3, com a inclusão das SPOCs no processo.
As Sociedades Iniciadoras de Serviços de Seguros, ou SPOCs, são entidades que atuam como intermediárias de todo o processo de contratação de um seguro. A sua inclusão representa a possibilidade de um novo modelo de negócios, mais competitivo, eficiente e capilarizado. Acima de tudo, é um modelo mais inclusivo.
As SPOCs permitirão que consumidores comparem e iniciem transações de seguros entre várias seguradoras de forma centralizada. Isso diminui as barreiras para a inclusão de novas empresas e promove a possibilidade de inovações reais nos serviços de seguros.
A Fase 3 também reduz custos de transação e reduz a assimetria de informações, fazendo com que o consumidor final possa cotar apólices entre diferentes seguradoras, comparando preços e condições, ou fazer a migração de apólices já existentes.
Desafios a serem superados
A verdade é que ainda existem muitos desafios para o Open Insurance. Além da implementação, existem questões em relação à privacidade e à cibersegurança. Mas são desafios que fazem parte do cronograma e devem ser superados ainda em 2024. A principal questão será sempre garantir uma inclusão informada por parte dos clientes – uma desafio comum para todo o ecossistema Open.
Apesar disso, o Opin tem a oportunidade de garantir mais modernidade, inovação e transparência para o mercado de seguros. Segundo relatório da SUSEP, o mercado de seguros movimentou R$ 35,08 bilhões somente em janeiro de 2024, representando uma alta de 12,5% em relação a 2023. Imagine quando chegar o Open Insurance realmente estiver implementado no país?
Escrito por Danillo Branco (foto), CEO da Finansystech
FSB
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