De acordo com estudo recente realizada pela Universidade de Keele, no Reino Unido, a frequência e a intensidade da ressaca podem diminuir com a idade. A pesquisa constatou que, os sintomas de exaustão, náusea e tontura, eram mais intensos e comuns entre jovens de 18 a 29 anos, comparado com pessoas de 60 anos ou mais. A pesquisa analisou cerca de 52 mil indivíduos.
Segundo o professor e fisiologista da Universidade Santo Amaro (Unisa), – uma das mais importantes faculdades médicas do país, Douglas da C. Braga, a análise indica que com o passar do tempo, algumas pessoas podem se tornar mais tolerantes aos efeitos do álcool, ou adotarem comportamentos que minimizem os sintomas. “Braga enfatiza a importância de reconhecer que os efeitos do consumo excessivo de álcool vão além da ressaca, impactando negativamente a saúde a longo prazo. Além disso, destaca-se a preocupante interação do álcool com vários fármacos prescritos para o tratamento de inúmeras condições de saúde, potencializando riscos e complicando terapias medicamentosas.
Dentre os efeitos imediatos no consumo excessivo de álcool estão: as alterações na fala (arrastada), comprometimento sensitivo e motor (reflexos), confusão mental, vômitos e em alguns casos pode levar ao coma. “A ressaca é uma combinação de sintomas físicos e mentais que ocorrem após o consumo excessivo de álcool, resultado da concentração de álcool no sangue, após sua total metabolização, isso se dá a cerca de 6 a 8 horas após a ingestão de bebidas alcoólicas e podendo durar até 24 horas”, explica o fisiologista.
Os sintomas mais comuns da ressaca incluem: boca seca, dor de cabeça, náuseas, tontura, problemas de concentração, desconforto gastrintestinal, cansaço, tremores, falta de apetite, sudorese, sonolência, ansiedade e irritabilidade. Estes sintomas são principalmente atribuídos ao acetaldeído, um subproduto da metabolização do álcool.
“A ressaca pode envolver desidratação, que causa sensação de boca seca, dores musculares devido à perda de sais minerais; irritação gastrintestinal devido ao aumento da produção de suco gástrico; diminuição na concentração de glicose no sangue (hipoglicemia) induzida pelo álcool, que pode afetar o funcionamento cerebral; e alterações no padrão e na qualidade do sono”, comenta Braga.
De acordo com as características fisiológicas do indivíduo, como: a quantidade e frequência de álcool consumido, teor alcoólico, ingestão de água e ter se alimentado previamente ou durante, pode minimizar os efeitos. “O professor ressalta, que quanto maior a quantidade de líquido corporal, maior a diluição do álcool ingerido” “Comparado com os homens as mulheres apresentam uma menor proporção de líquido corporal”, explica o doutor.
Café não ajuda a curar a ressaca
Segundo o professor, para tratar a ressaca, a hidratação é fundamental, pois o álcool causa desidratação significativa. Beber muita água, sucos e até mesmo isotônicos pode ser benéfico. “Evitar café pois a bebida é diurética e que pode ajudar a minimizar a perda de líquidos”, esclarece o doutor Douglas. O professor esclarece que a hidratação é crucial no tratamento da ressaca, pois o álcool induz uma desidratação acentuada ao inibir a produção e liberação do hormônio antidiurético (ADH), resultando em uma maior excreção de água pelos rins.
Apesar da crença popular de que o café e outras bebidas cafeinadas poderiam aliviar os sintomas de ressaca devido ao seu efeito estimulante sobre o sistema nervoso central, que teoricamente reduziria a sonolência e a dor de cabeça — particularmente quando consumidos com açúcar —, não há evidências científicas que sustentam essa prática comum.
Para o doutor Douglas o consumo excessivo de café durante a ressaca deve ser evitado, devido ao seu potencial efeito natriurético (reduzindo a reabsorção renal de sódio e aumento a sua excreção, na urina), que por conseguinte, intensifica por “osmose”, a eliminação de líquidos através da urina. Ele enfatiza a importância de se manter hidratado para enfrentar a ressaca de maneira eficaz, ingerindo muita água, sucos e até mesmo isotônicos, pode ser benéfico e apontando para a necessidade de moderação no consumo de bebidas cafeinadas o que minimizaria a perda de líquidos”, pontua o doutor Douglas.
Além disso, o repouso é crucial para a recuperação, pois o corpo precisa de tempo para metabolizar o álcool e o acetaldeído tóxico. “É importante ressaltar que não existem remédios específicos para curar a ressaca, o foco deve ser na reidratação e no descanso e em casos mais graves, buscar apoio de um médico ou especialista”, recomenda Braga.
O efeito do consumo do álcool a longo prazo
Ainda segundo o doutor Douglas a ingestão de álcool em excesso está correlacionada há alterações gastrointestinais, hepatopancreática, neuropsiquiátricas, cardiovasculares, hematopoiéticas e até mesmo fetais. “A longo prazo, o abuso de álcool pode aumentar o risco de várias complicações de saúde, incluindo doenças hepáticas como esteatose, hepatite e cirrose.
O pâncreas também é afetado de forma importante, sendo a principal causa de pancreatite crônica em adultos. No caso do sistema cardiovascular, pode levar cardiomiopatias, hipertensão, aumento do colesterol e arritmias. O estômago pode inflamar, levando a gastrites e úlceras.
O consumo excessivo de álcool também pode afetar o cérebro, aumentando os riscos de danos cerebrais e deterioração cognitiva, além de enfraquecer o sistema imunológico. Sendo considerado é um fator de risco para vários tipos de câncer, incluindo câncer de boca, esôfago, fígado, intestino e mama.
UnisaBr
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