O mercado de seguros no Brasil passa por um momento desafiador com a implementação do Open Insurance. Inspirado nos modelos de open banking, esse novo conceito combina bancos de dados e abrange o acesso às informações dos consumidores entre diferentes plataformas de tecnologia, como seguradoras, bancos e startups, criando mais comodidade e novos produtos para os clientes, bem como novos padrões de negócios no mercado segurador.
A proposta é que a relação entre consumidores e seguradoras fique cada vez mais digital e que a plataforma possa oferecer seguros personalizados, com foco no que o cliente deseja, aumentando a oferta de produtos e a possibilidade de mostrar às pessoas, que não tinham acesso a determinado produto, que há preços mais competitivos. Dessa forma, o processo promove mais acessibilidade dos clientes às ofertas do mercado.
De acordo com Michelle Souza, gerente Personal Lines da Howden Harmonia Corretora de Seguros, parte da Howden Broking Group, “a Susep defende que a plataforma não altera em nada a relação entre clientes, seguradoras e corretoras, mas entendo que tudo vai depender da adequação que será realizada nos produtos para atender essa nova realidade. Além das especificidades do mercado de seguros no Brasil, o rumo desta mudança envolve alteração na cultura do consumidor de seguros, e este modelo de negócio leva à escolha do serviço pelo preço, sendo que o cliente pode ter surpresas desagradáveis em eventual sinistro”, ressalta.
Conforme Michelle é possível vislumbrar os principais desafios que se impõem ao mercado de seguros, sendo que a preparação tecnológica atual do setor encabeça a lista. Outra preocupação da gerente é a comunicação do tema junto à sociedade e ao setor: será que a plataforma oferecerá ao cliente o esclarecimento e entendimento necessários para contratar a cobertura mais adequada às suas necessidades? Não menos importante é o entendimento sobre a Sociedade Iniciadora de Serviços de Seguros (SISS), responsável pelo armazenamento dos dados autorizados pelos clientes, histórico, administração e cruzamento desses dados com produtos e serviços das seguradoras. “Além disso, vem a necessidade de revisão nas estratégias de negócio, adoção da plataforma pelos agentes e consumidores, interoperabilidade com o Open Finance e desafios regulatórios”, esclarece Michelle.
Nesse processo, os segurados devem ser os principais beneficiários do Open Insurance; portanto, é essencial que, desde já, as seguradoras e corretoras apostem em uma transformação focada no cliente, com processos inteligentes, inovação e ecossistemas abertos para o melhor desempenho do Open Insurance.
Existem diversas opções de produtos e serviços no mercado e a padronização dependerá das métricas obtidas com o amadurecimento deste novo formato e da taxa de adesão dos consumidores. O questionamento neste momento é que, para cada seguradora e para cada produto, existem particularidades e opções de tipos de serviços para serem contratados, e o grande desafio será a consolidação de tudo isso para “sugerir” a oferta mais adequada, de acordo com as informações que foram compartilhadas. “O compartilhamento dos dados poderá ser parcial, ou seja, o cliente pode autorizar somente os dados cadastrais. Ainda que as informações sejam compartilhadas integralmente e o histórico ajude, a necessidade de ontem pode não ser a necessidade do cliente hoje, mas acredito que a plataforma se tornará efetiva em longo prazo”, explica Michelle.
Ela complementa ainda que, dada a criticidade do tema, a dificuldade de entendimento de como funcionará na prática e a quantidade excessiva de sociedades autorizadas e credenciadas pela Susep, bem como de produtos e serviços, teremos um longo processo de adequação e o Open Insurance pode demorar para se tornar uma realidade no Brasil.
Sobre o Open Insurance – O processo, que teve início em dezembro de 2021, é composto por três etapas, sendo que a primeira já está em andamento e envolve o Open data, ou seja, o compartilhamento de dados abertos e públicos, com previsão de encerramento até o final de junho deste ano. A segunda fase, prevista para setembro de 2022, é quando entra o compartilhamento de dados pessoais e as informações relacionadas aos contratos, como cadastro de clientes, telemetria, vigências, prêmios e sinistros pagos; e a terceira e última etapa é a efetivação dos serviços, ainda sem previsão exata da implementação completa.
Com o Open Insurance, o cliente escolhe quais dados deseja autorizar e para quais organizações. Será possível também fazer a portabilidade entre as seguradoras e haverá um controle posterior para gerir os respectivos consentimentos. É importante destacar que o método segue os regimentos da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), em vigor desde 2020.
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