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18 May

Por: Carlos Pacheco

Insurance Corp – Com a reforma da Previdência sancionada pelo presidente da República e a possibilidade de uma outra reforma em curso, a tributária, o senhor acredita que o novo cenário econômico que se desenha será propício à evolução do mercado ressegurador?

Eduardo Toledo – Começo a resposta com uma frase que uso constantemente: “Não existe economia sem seguro”. Desta forma, é certo afirmar que as reformas propostas pelo governo são de extrema valia para a evolução do mercado ressegurador. As consequências da aprovação das reformas irão trazer credibilidade ao País, criando um ambiente político favorável e, por consequência, atrairão novos investidores, o que impactará diretamente a injeção de recursos na economia, e como disse, não existe economia sem seguro.

IC – Qual é a sua expectativa para o fomento de negócios nas áreas de infraestrutura, construção civil, transportes e responsabilidade civil?

ET – As expectativas são as melhores possíveis. As ações que o governo está tomando em relação aos investimentos são inovações disruptivas. Acredito no ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, um sujeito fora do comum e possui toda a infraestrutura do Brasil na cabeça em termos de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias. Conhece profundamente as prioridades a serem adotadas, haja visto os leilões recentes das concessões de aeroportos e ferrovias que estão sendo realizados, sobretudo no caso da Ferrovia Norte-Sul. As consequências desta revolução na infraestrutura irão ressuscitar as contratações dos seguros de engenharia e responsabilidade civil, reduzir a sinistralidade do transporte e o custo das mercadorias ao consumidor final, o que irá aquecer ainda mais a economia.

IC – Como o senhor avalia o papel desempenhado pela superintendente da Susep, Solange Vieira, que, recentemente, abriu consulta pública para projetos de empresas aptas à participação no sandbox regulatório?

ET – O desempenho da Susep tem sido surpreendente e inovador. Tive a oportunidade, como vice-presidente da Abecor, de me reunir com a Solange. O resumo da conversa sinalizou para a desburocratização do setor e a necessidade de se inovar. A prova disto é que a Susep abriu consulta pública para participação no sandbox regulatório e espera receber produtos e serviços que tragam, de fato, tecnologia diferente ao mercado de seguros com novas propostas para subscrição e retenção de riscos.

IC – O mercado hoje está preparado para debelar invasões e/ou ataques cibernéticos em grande escala?

ET – A questão da exposição do crime cibernético e ataques às empresas, em geral, sejam grandes corporações ou de pequeno e médio porte, é uma preocupação latente no mercado. Eu diria que o País ainda está muito atrasado com sua lição de casa, não somente em face da consciência do risco, mas em termos de cultura de compra deste seguro. Hoje apenas grandes empresas compram este tipo de proteção, as chamadas de single policy (apólice única), indo de contra ao princípio básico do seguro, o mutualismo. Outra questão precisamos nos aprimorar é com a regulação de um sinistro cibernético. No Brasil, até hoje não tivemos nenhuma regulação nesta carteira e isso mostra nossa fragilidade numa eventual liquidação e apuração dos prejuízos. É preciso ficar muito atento à nova Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entrará em vigor a partir de 2020, muito severa em matéria de as sanções, e imputa responsabilidade das empresas ao tratamento dos dados pessoais.

IC – A Abecor sempre defendeu uma boa interação entre os corretores de seguros com as corretoras de resseguro. Como está, hoje, essa interação?

ET – A Abecor não só defende esta interação como intensifica a sinergia entre os corretores de seguros com os corretores de resseguros. O corretor tem um papel fundamental na intermediação com os segurados e o apoio deste profissional na colocação do resseguro tem se mostrado eficaz, principalmente na obtenção das informações dos riscos. Afinal, quanto mais informação tivermos de um risco, melhor a chance de trazermos os melhores termos e condições disponíveis no mercado ressegurador. Inclusive, para atestar nossa sinergia, tomo a liberdade de fazer uma analogia aos corretores de seguros e lançar em primeira mão uma frase: “Resseguro, só com corretor de resseguro”, melhor ainda se for associado à Abecor.

IC – Em função das últimas catástrofes ambientais, sobretudo nas barragens de rejeitos de Mariana e Brumadinho, o gestor de riscos assumiu um protagonismo até não desconhecido pelo cidadão brasileiro?

ET – O gestor de risco é, e sempre foi, um profissional decisivo na gestão dos riscos inerentes ao seu negócio ou à organização que representa. É um profissional que está atento a todas as ações tomadas por uma empresa, seja ela uma barragem, plataforma de petróleo ou companhia aérea. O que tem chamado a atenção para a gestão de risco são as consequências catastróficas de acidentes recentes como Mariana e Brumadinho. O seguro e o resseguro passam a ser ferramentas de reparação destas perdas, restituindo muitas vezes a economia local daquela região afetada, o que na minha visão é um dos papeis mais nobre do nosso mercado.

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