No momento em que o movimento Maio Amarelo busca chamar a atenção da sociedade para o elevado número de mortos e feridos no trânsito brasileiro, surge no cenário um novo e preocupante indicador: os acidentes provocados pelos chamados veículos alternativos, como patins, skates, bicicletas e, mais recentemente, patinetes elétricos. Rápidos e acessíveis, os patinetes, em particular, tomaram as ruas nas grandes cidades trazendo conveniências e, ao mesmo tempo, inspirando cuidados: o volume de acidentes registrados já acendeu o sinal de alerta na maioria dos municípios que adotaram a novidade
Um levantamento do Centro de Trauma do Hospital Samaritano Higienópolis, em São Paulo, por exemplo, aponta um aumento de 19,6% em internações relacionadas a acidentes com veículos alternativos no primeiro trimestre de 2019, em comparação ao mesmo período de 2018. Já os atropelamentos, tiveram uma redução de 7,2%, caindo de 10,3%, em 2018, para 3,1%, em 2019. Os registros do Samaritano apontam, ainda, que 76,67% dos acidentados são homens e apenas 23,33% mulheres. A faixa etária mais comumente envolvida nesse tipo de acidente é a de 19 e 40 anos. “Os novos veículos chegaram para ajudar a mobilidade das pessoas e isso faz parte da realidade de uma cidade cosmopolita como São Paulo”, afirma João Paulo Ripardo, médico e Coordenador do Centro de Trauma do hospital.
O número de acidentes com veículos alternativos no primeiro trimestre de 2019 superou o de acidentes de carro, inclusive se comparado ao mesmo período do ano passado. Os acidentes envolvendo motos, responsáveis por 23,5% das internações por trauma no período analisado de 2018, continuaram ocorrendo na mesma proporção em 2019. “Recebemos diversos pacientes, vítimas de acidentes de trânsito com todos os tipos de veículo. Sabemos que, com ações de prevenção e educação efetivas, muitos casos poderiam ser evitados”, alerta José Cruvinel, cirurgião do trauma.
Um artigo publicado recentemente no JAMA (Journal of the American Medical Association) descreveu o uso crescente dos patinetes elétricos na mobilidade urbana norte-americana e apontou os traumatismos cranianos (40%) e as fraturas (32%) como as lesões graves mais frequentes nos acidentes dessa modalidade. Dos 249 pacientes estudados, apenas 4% relataram o uso de capacete.
O tema tem despertado a atenção de diversos agentes da sociedade. Como noticiado na 81ª edição da newsletter Líder Informa, o deputado estadual Alencar da Silveira Júnior (PDT/MG) apresentou um projeto de lei para regulamentar o uso e a disponibilidade de patinetes elétricos no estado de Minas Gerais. Entre outras medidas, ele defende a criação de um seguro nos moldes do DPVAT.
Fonte: Newsletter Seguradora Líder/ Edição 82, Maio 2019