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22 Nov

Risco político ronda o Brasil e o mundo

20 de maio de 2019
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A desaceleração da economia global e as perspectivas no campo político e econômico do Brasil do governo de Jair Bolsonaro pontuaram os debates do 6º Country Risk Brasil, evento anual promovido pela seguradora Coface, que aconteceu em São Paulo. Executivos e profissionais de diversas áreas, incluindo clientes da seguradora, assistiram a quatro apresentações e questionaram os palestrantes sobre os desafios dos cenários mundial e brasileiro.

“Teremos insolvências em relação aos negócios em diversas partes do mundo em 2019”, alertou o economista-chefe do Grupo Coface, o francês Julien Marcilly, apontando que está em curso um processo de desaceleração do crescimento no planeta. Os motivos vão desde riscos políticos, alta volatilidade dos preços das commodities, restrições de oferta de produtos em alguns países, entre outros.

Na análise de Marcilly, há muitas nações que vivem uma espécie de “circulo vicioso”, que abrange crescimento econômico pífio, lideranças políticas fracas e desemprego, sobretudo na Espanha, Itália e França. Há também a guerra comercial entre Estados Unidos e China. Embora sejam parceiros comerciais fortes, o economista-chefe entende que o embate entre eles representa “um risco politico preocupante”.

Segundo dados da seguradora, o risco de crédito das empresas deve aumentar, como o número de insolvências corporativas subindo em 24 dos 39 países e representando 65% do PIB global. Esses dados foram confirmados pela economista da Coface para a América Latina, Patrícia Krause, ressaltando que nos mercados emergentes, por sua vez, há fluxos de capital em títulos da dívida pública e vulnerabilidade externa. Ela citou o caso da Argentina, que exibe alto endividamento e inadimplência política. “O déficit externo da Argentina é muito elevado, com 5% do PIB, enquanto o do Brasil é de 0,4%”, revelou Patrícia.

Agendas de Bolsonaro

O risco político afeta a governabilidade de vários países na América Latina. “A capacidade do núcleo político do governo de Bolsonaro determina a estratégia de uma agenda governamental”, ressaltou o doutor em ciências políticas e consultor Ricardo Sennes. Ele lembrou que, desde 1989, o resultado da última eleição não refletia a tendência dos pleitos anteriores, pois o perfil do atual presidente não encaixa no padrão tradicional. “Hoje o processo é de fragmentação política e não de polarização de forças”, considerou. Para o consultor, a falta de coordenação do governo leva a disputas internas entre agendas.

Há cinco grupos que compõem as agendas – o primeiro é formado por Paulo Guedes e pessoas do mercado que o apoiam; o segundo são os militares; o terceiro defende a agenda conservadora (os filhos do presidente, o “guru” de Bolsonaro, o filósofo Olavo de Carvalho e os evangélicos) e, por último, a agenda negociada com uma gama de partidos. Sennes acredita que os impasses entre estes grupos prejudicam o avanço da própria agenda do governo e, principalmente, com a votação da reforma da Previdência, cujo resultado pode mudar as “perspectivas do governo brasileiro, não apenas do ponto de vista econômico, mas político”.

Com uma visão ligeiramente otimista, o economista Ricardo Amorim crê na aprovação da reforma da Previdência, com uma economia que poderá girar entre R$ 500 bilhões e R$ 800 bilhões num período de dez anos. “Essa reforma não será rápida, mas sua aprovação determinará a reeleição de Jair Bolsonaro”, previu Amorim. O economista explica que as dificuldades impostas pelo Congresso para as reformas, incluindo a tributária, refletem seu interesse em deter um poder de barganha.

O economista prefere não acreditar na rejeição à proposta de reforma ou aprovada num valor inferior a R$ 500 bilhões, que desencadearia uma “megacrise política”. Na visão de Amorim, o Congresso irá aprovar uma reforma “minimamente recente”, criando as condições para a reforma tributária e o fortalecimento político do presidente. Ele também enfatizou o crescimento do PIB brasileiro, embora discreto, nos últimos oito trimestres. Amorim aposta numa pequena aceleração a partir do segundo semestre e não tem dúvidas de que se as reformas passarem no Congresso e o cenário externo não piorar significativamente, o crescimento da economia brasileira tem tudo para se acelerar em 2019.

Por Carlos Alberto Pacheco/Redação Revista Insurance Corp

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