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23 Nov

Combate às associações de proteção veicular foi um dos grandes debates na 21ª edição do evento

Por: Carlos Pacheco

Se havia alguma dúvida quanto à união de uma categoria profissional em torno de suas principais bandeiras, o 21º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros, realizado na paradisíaca Costa do Sauípe, na Bahia, se encarregou de dirimi-las uma a uma. Algo em torno de 3,5 mil corretores – alguns deles com suas famílias – participaram de painéis técnicos e fizeram networking nos estandes na 20ª Exposeg. O modelo desta edição do Congresso, organizado pela Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor) e Sincor Bahia, que aconteceu em meio a um resort, cercado de belas áreas verdes, foi aprovado pelos profissionais. O tema não poderia ser mais propício: “Desafios para a retomada do crescimento”.

O primeiro painel sugeriu aos participantes que apontassem os caminhos para a retomada do crescimento no Brasil e a reforma da Previdência (aprovada no Senado). Sob a mediação do presidente da Fenacor, Armando Vergílio, os presidentes Márcio Coriolano (CNseg) e Jorge Nasser (FenaPrevi) destacaram o ambiente favorável para o crescimento dos negócios no setor de seguros, tese referendada pelo secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, que elencou as ações do governo para reduzir o tamanho do Estado.

A titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Solange Vieira, por sua vez, foi bem objetiva em sua análise: defendeu o desenvolvimento de novos produtos, a criação de um ambiente de concorrência, com novos entrantes, e a adoção da tecnologia, entre outras medidas. Além de mencionar as últimas iniciativas da autarquia, Solange também defendeu a autorreguladora dos corretores, ao enfatizar que a categoria já possui “maturidade suficiente para isso”. Sobre o mercado em si, Solange reforçou uma visão, repetida desde a sua posse: a vinda de mais seguradoras para promover uma concorrência saudável.

O futuro do mercado e da relação segurador versus corretor, tema do segundo painel, mediado pelo advogado Antonio Penteado Mendonça, foi objeto de debate entre alguns dos principais líderes de seguradoras: Antônio Trindade (FenSeg), Vinícius Albernaz (Bradesco Seguros), Francisco Caiuby Vidigal Filho (Sompo Seguros) e José Adalberto Ferrara (Tokio Marine Seguradora). Todos os presidentes mencionaram suas principais ações para crescimento de carteiras estratégicas, anunciaram novos produtos e analisaram o fenômeno das insurtech. Foram unânimes em apontar o corretor como o principal canal de distribuição, antes de tudo um consultor do risco do seu cliente.

Guerra contra as cooperativas

Mas, obviamente, o debate sobre o mercado das cooperativas de proteção veicular, considerado “marginal”, atraiu a maioria das atenções e lotou o auditório. Roberto Santos (Porto Seguro), Nuno Vieira (Serviços Financeiros da E&Y), Luís Gutiérrez (Mapfre Seguros), Murilo Riedel (HDI Seguros) e também o mediador Robert Bittar, presidente da Escola de Negócios e Seguros, “chancelaram” os dados do relatório da Ernst & Young sobre o avanço vertiginoso do mercado de proteção veicular, que movimenta, segundo o relatório, entre R$ 7,1 bilhões a R$ 9,4 bilhões por ano. A Ernst & Young estima que haja 4,5 milhões de associados nas cooperativas.

“Os números são impressionantes. Se o preço dessas associações é competitivo, por outro lado, não existe nenhuma proteção ao consumidor”, alertou Nuno Vieira. Não regulados pela Susep, as cooperativas cresceram, favorecidas por um fértil ambiente, segundo Murilo Reidel. “O assunto merece um profundo estudo de planejamento estratégico”, emendou Luís Gutiérrez. Todos, contudo, foram unânimes em apontar a falha principal que pavimentou um caminho aberto para as associações: a falta de uma comunicação adequada com o comprador de seguros.

Tecnologia

Inovação e insurtech estão na pauta do dia dos corretores de seguros e mereceram painel específico, mediado pelo fundador do CQCS, Gustavo Dória. Neste painel, Mongeral Aegon, Porto Seguro, Generali e Velo Seguro trouxeram cases bem-sucedidos com uso de ferramentas tecnológicas. Presidente da Velo Seguro e corretor, Duilly Cicarini, foi o primeiro a se apresentar. Estimulou os presentes a apostar no mercado de seguros de bikes, “referência, hoje, de um produto com excelente aceitação”.

Nuno Pedro David, chief marketing officer da Mongeral Aegon, disse que a empresa busca importantes parcerias com instituições como PUC-Rio e IRB Brasil RE, para viabilizar projetos como o Insurtech Innovation Program, que incentiva os participantes a criar soluções inovadoras que gerem impacto positivo no mercado de seguros e resseguros.

Já Nery Silva, head da Generali Global Corporate, destacou o papel da organização, considerada uma das 50 companhias mais modernas do mundo. “Trabalhamos muito neste sentido, com o objetivo de formular soluções tecnológicas importantes”. Último a se apresentar, o vice-presidente comercial da Porto Seguro, Rivaldo Leite, explicou o funcionamento da plataforma “Conquista”, recém-lançada pela companhia. “A plataforma trabalha para o corretor 24 horas”, revelou.

Coletivas

O assunto mercado marginal foi o principal tema de coletiva da Fenacor com os jornalistas especializados. Inicialmente, o presidente Armando Vergílio teceu elogios ao evento e aos temas debatidos, sobretudo o painel sobre o mercado marginal das cooperativas. Segundo ele, foram tomadas providências contra as associações junto aos Procons, Polícia Federal, Ministério Público e Tribunal Regional Federal. Sobre a autorregulação dos corretores. Vergílio admite que o órgão regulador não tem estrutura suficiente para fiscalizar toda a categoria. “Mesmo que a Susep quintuplique de tamanho, não poderá realizar fiscalização preventiva aos cerca de 40 mil corretores ativos”, advertiu.

A Escola de Negócios e Seguros (novo nome da Escola Nacional de Seguros – ENS) foi o de ampliar a visibilidade do reposicionamento mercadológico anunciado durante o congresso, que incluiu o redesign de sua identidade visual. Estiveram presentes os principais porta-vozes da ENS: Robert Bittar (presidente), Tarcísio Godoy (diretor-geral), Maria Helena Monteiro (diretora de Ensino Técnico) e Mario Pinto (diretor de Ensino Superior).

Na opinião de Godoy, a ENS está pronta para conquistar novos mercados. “Tudo foi minuciosamente pensado e a execução seguirá à risca esse planejamento”. Bittar comentou sobre os desafios da instituição a partir de agora. “Esta é a primeira vez que a Escola atuará fora do segmento de seguros. Mas temos expertise de quase 50 anos no setor educacional, com excelência comprovada pelo MEC. Estamos prontos para dar esse salto quantitativo mantendo a qualidade que sempre pautou o nosso ensino”.

 

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