Formas para garantir mais acesso dos pacientes às estruturas de saúde e como assegurar uma assistência em melhores condições foram a essência das apresentações e debates do “Fórum IESS na Hospitalar 2025”, realizado na manhã de hoje (23/05), durante o maior encontro do setor de saúde da América Latina. Ainda que os temas dos dois painéis do evento fossem distintos, prevaleceu a mensagem de que o cuidado mais adequado beneficia o paciente e torna o sistema de saúde mais eficiente, inclusive com impactos financeiros positivos. “Ter eficiência é fundamental para garantir acesso ao sistema e às tecnologias diante de recursos cada vez mais escassos”, disse o presidente do Conselho Diretor do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), Luiz Celso Dias Lopes, na abertura do evento.
No primeiro painel, foi apresentado o estudo Jornada do Paciente Oncológico na Saúde Suplementar, desenvolvido pela consultoria Design para Estratégia. Disponível em https://jornadadopacienteonco.com.br. O estudo revelou a ausência de orientação aos beneficiários para exames de diagnóstico precoce e respectivas condutas após os resultados. Vini de Castro, diretor da empresa, destacou que, embora essa seja uma responsabilidade individual, o modelo atual de atendimento não oferece suporte ao paciente durante toda sua jornada longitudinal. “Na saúde suplementar, ninguém é responsável por garantir que o paciente realize os exames e adote as providências que os resultados requerem”, resumiu ele.
O levantamento também indica que, no pós-diagnóstico — momento mais sensível para o paciente —, há desassistência e falta de acolhimento. “O paciente navega, no momento mais crítico, por sistemas de contato automatizados, sem apoio profissional”, relatou Castro. Para mudar esse cenário, ele defendeu que todos os agentes da cadeia de saúde, inclusive médicos, devem rever processos e entender as necessidades do paciente. “Hoje, essa conduta está concentrada nas equipes assistenciais. Não por processo, mas por empatia”, pontuou.
Ana Luísa Seleme, diretora da consultoria MedH, apresentou experiências práticas com equipes multidisciplinares no acompanhamento de pacientes. Destacou o papel das enfermeiras, cujas ações resultaram em ganhos clínicos, maior adesão a terapias, detecção precoce de efeitos colaterais e monitoramento da jornada do paciente. “É possível entender a dinâmica dos pacientes e garantir soluções de navegação para cada perfil. Um profissional de referência ajuda bastante a tornar o processo mais eficiente”, afirmou.
Ela também mencionou benefícios econômicos, ainda que secundários, como a redução no tempo de diagnóstico e tratamento, aumento da satisfação de pacientes e familiares, e mais agilidade no cuidado.
Desospitalização
O segundo painel analisou estruturas de transição para pacientes pós-agudo, também reforçando que o cuidado eficiente gera ganhos clínicos e reduz desperdícios. Especialistas apontaram que as iniciativas de desospitalização vêm se consolidando como alternativas relevantes no modelo assistencial. “O cuidado pós-agudo é uma oportunidade para um cuidado melhor e a um preço mais adequado”, resumiu Anderson Mendes, diretor de Negócios da Premium Care.
Segundo ele, o envelhecimento da população exige novas estruturas de atenção. Hospitais de transição e cuidados domiciliares devem ser considerados sob outra perspectiva. “Há muito foco em ferramentas e pouco em estratégia. Quando se vê o hospital de transição como mais um credenciamento, perdemos a chance de aplicar o cuidado certo, na hora e no local corretos”, alertou.
Felipe Vecchi, diretor médico e de Operações da BSL, destacou que o cuidado agudo no hospital está bem definido. “Mas há um ‘abismo’ entre o hospital e o domicílio do paciente”, disse. Estudo da UFMG apontou que quase 9% das hospitalizações no sistema suplementar — cerca de 83 mil diárias — são evitáveis, com readmissões em até 30 dias. “Isso representa um custo superior a R$ 450 milhões. É um enorme potencial de redução de desperdícios”, avaliou.
Superintendente executivo do IESS, José Cechin abordou a importância dos cuidados paliativos fora do ambiente hospitalar, com foco em dignidade no fim da vida. Regina Mello, gerente executiva de Saúde da Vivesp, complementou com dados: no último ano de vida, a sinistralidade de um paciente pode atingir 1.177%. “A questão não é o custo, mas que tipo de cuidado está sendo oferecido. Isso deveria representar melhor condição de cuidado, o que nem sempre ocorre”, afirmou.
A operadora passou a adotar o cuidado coordenado, reforçando métodos preventivos e o uso de estruturas alternativas aos hospitais. Essa nova abordagem também exige um novo relacionamento com os familiares do paciente.
Lidiane Furtado, assistente social da Amil que atua na área de desospitalização, destacou que o novo modelo assistencial requer sensibilização da família para compreender seu papel no processo. “É fundamental colocar a família como parte do cuidado e promover uma comunicação clara para que todos entendam suas responsabilidades”, afirmou.
Em breve, o IESS disponibilizará, em seu canal no YouTube, a íntegra do evento.
LetraCerta
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