Os seguros têm função social em todas as camadas que sustentam a economia por contribuir para o compartilhamento e transferência de riscos, efeitos que impulsionam o consumo, lucros, geração de empregos e bem-estar social. Neste sentido, ainda apoiam a população na conquista dos seus objetivos e na segurança dos seus bens, impulsiona o crescimento das empresas assumindo os riscos que elas mesmas teriam que arcar e dá suporte ao Estado em momentos de crise, como no período mais crítico da Covid-19, no qual o setor indenizou mais de R$ 7 bilhões mesmo que uma pandemia estivesse fora de seu rol de coberturas.
Mas, além dos produtos de seguros, para o ESG realmente estar na estratégia e operação das companhias, é necessário ter ciência dos riscos e impactos do seu negócio, que podem ser detectados a partir do estudo de materialidade da empresa. Esse processo é feito por meio de uma avaliação com seus stakeholders em questões de sustentabilidade sob o prisma ESG em duas perspectivas: socioambiental (de dentro para fora) e financeira (de fora para dentro). Com isso, ESG passa a ser uma base para os negócios da companhia, norteando ações efetivas para toda a sua cadeia.
Além dessa organização interna, é extremamente importante que as seguradoras participem de fóruns e grupos de trabalho com as entidades do segmento, para que o mercado como um todo atue em parceria e conformidade com as necessidades da população e esteja a par das mudanças globais – com importante ênfase aos impactos causados pelas mudanças climáticas.
Inclusão social nos seguros
O seguro Prestamista (Proteção Financeira) é um dos maiores exemplos da função social dos seguros, pois garante aos segurados a quitação de financiamentos caso ocorra algum cenário adverso que impeça os pagamentos. Como os seguros podem ser vistos como “item de luxo” por parte da população, há um desafio geral do mercado em compartilhar essa compreensão de que ele pode facilitar a recuperação financeira em casos emergenciais.
A meu ver, o caminho é alinhar a agilidade para atender as demandas da população à oferta de produtos com custos mais acessíveis e com mais coberturas e assistências. Assim, as pessoas podem deixar de ter um contato único seguro – no momento de um sinistro – para que passem a usufruir dele desde sua contratação, mudando sua perspectiva de que se trata de algo a ser usado apenas em situações difíceis.
Outro exemplo efetivo dessa mudança de paradigmas e de inclusão social no segmento é o seguro para doenças graves. Ele parte de uma necessidade real do cliente (a dificuldade no acesso à saúde de qualidade no país) para suprir parte deste problema com uma assistência médica completa de valor acessível. Adicionalmente, oferece recursos como telemedicina e telepsicologia, além de descontos em consultas com especialistas e em exames, para garantir que o segurado possa fazer uso do produto deste o momento zero.
Finalmente, a inclusão de idosos em seguros prestamista também é uma estratégia poderosa para a democratização dos serviços financeiros, ampliando a parcela do público beneficiada pelo acesso a crédito. No Brasil, é comum que pessoas com mais de 70 anos não tenham uma boa oferta de proteção financeira por parte das seguradoras, mas é possível mudar esse cenário. Com isso, os cidadãos seniores podem ter melhores condições de adquirir bens de maior valor, ao mesmo tempo em que fica garantido que os segurados e suas famílias estejam protegidos contra as adversidades que possam impedir a quitação da dívida.
Economia Circular e cuidado com a cadeia
O Brasil é o quinto país que mais produz resíduos eletrônicos no mundo, sendo responsável por 2,4 milhões de toneladas ao ano, com apenas cerca de 3% desse montante sendo descartado corretamente ou reaproveitado, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Somado a esses dados alarmantes, há o fato de os aparelhos eletrônicos liberarem substâncias químicas nocivas ao solo e à água, impactando negativamente o meio ambiente.
O seguro de Garantia Estendida tem um apelo importante para reduzir esses números e impacto ao impulsionar a Economia Circular. Por cobrir defeitos ou quebra acidental de eletrônicos, eletrodomésticos, móveis, bicicletas e veículos, entre outros bens, o produto permite aos segurados solicitar o reparo do item em vez de adquirir um novo. Isso impacta a própria cadeia de manufatura, reduz a demanda por produção de novos materiais, diminui o descarte de peças em bom estado – que passa a ser reaproveitadas – e impulsiona a rede de assistências técnicas, contratadas pelas seguradoras e responsáveis para o ciclo da Garantia Estendida funcionar adequadamente.
É interessante observar que as ATs são, em sua maioria, pequenas e médias empresas familiares, que precisam de apoio e suporte para se desenvolver. As seguradoras, é claro, tem um papel essencial nesse cenário. Afinal, oferecer capacitações a essas empresas não melhora apenas o atendimento aos segurados, mas também apoia empreendimentos mais afastados de grandes centros urbanos e impacta positivamente a economia de regiões diversas em todo o país.
Reconhecimento
Como qualquer setor da economia, o mercado segurador precisa também estudar medidas que avancem na discussão sobre responsabilidade socioambiental. Há muito trabalho sendo desenvolvido por meio de pesquisas e monitoramentos que analisam o quão avançadas as empresas estão nas pautas ESG. Contudo, é válido reconhecer que alguns passos já estão consolidados, pois fazem parte da essência dos próprios seguros. O necessário agora é trabalhar para que novos e significativos avanços sejam possíveis, fomentando cada vez mais mudanças positivas na sociedade e no meio ambiente.
Digital Trix
*Por Fernanda Campos, diretora de Recursos Humanos, ESG e Comunicação na BNP Paribas Cardif Brasil.
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