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26 Apr

Proteção ao transporte do café de cooperativas e de pequenos produtores, desde a lavoura ao armazém, ganha relevância. Ação de quadrilhas especializadas em roubos à safra é um perigo iminente

Juliana Melo Paulino faz parte da terceira geração de agricultores na produção de café arábica no sul de Minas Gerais. A fazenda Aliança está localizada nas montanhas do bairro rural da “Onça”, distante 45 quilômetros do armazém que abriga a safra na cidade de Monte Santo de Minas. A cada safra, além de cuidar da colheita, aferir a qualidade da bebida e atender compradores, a sua maior preocupação é o seguro com as sacas colhidas.
Com uma média de cinco mil sacas de café por ano em sua propriedade, Juliana explica que quando a safra é depositada nos armazéns das cooperativas, o transporte é segurado desde a lavoura até o armazém. Mas quando o cafeicultor faz opção de guardar os produtos em outros armazéns, não consegue contratar o seguro. “Há quadrilhas especializadas em roubos à safra. Usam de violência e sempre estão armados. Sabem que os pontos exatos das estradas rurais que podem surpreender os motoristas das carretas que transportam a nossa colheita”, revela Juliana.
Para Marcos Carvalho, cafeicultor que idealizou a Assprocafé (Associação dos Produtores de Cafés Especiais de Cabo Verde – MG) “seria muito interessante termos um seguro para as sacas colhidas”. Carvalho acrescenta: “Esta seria a maior demanda que temos em termos de produção”. A Assprocafé reúne produtores familiares de 24 propriedades que cultivam cafés finos, com certificação Fairtrade. A maioria protege a safra com as linhas de crédito fornecidas pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Ele explica que a produção fica a “céu aberto”, à mercê das alterações do clima e dos ladrões à espreita das sacas colhidas.
Segundo o administrador de empresas e consultor da empresa Safras Negócios, em São Sebastião do Paraíso, próximo da divisa com São Paulo, Gilson de Souza, nos últimos dois anos, houve aumento da procura por seguros ligados ao agronegócio. A maioria dos clientes da consultoria é do setor de armazéns e cooperativas. “O cafeicultor que deseja contratar seguro para suas sacas de café terá de observar algumas normas na contratação dos veículos e a avaliar a idoneidade dos motoristas envolvidos no traslado da produção. Um cafeicultor que possui uma safra de cinco mil sacas precisaria desembolsar em torno de R$ 3 mil”, aponta Souza. A região do sudoeste e sul de Minas Gerais é famosa por sua vasta produção e qualidade de café arábica.

Cooperativas

No Sul de Minas existem, hoje, 32 cooperativas de pequeno e grande porte em atividade, que são as principais compradoras de seguros. Na Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupe) orbitam 15 mil cafeicultores, dos quais 95% são agricultores familiares. A entidade disponibiliza gratuitamente aos seus cooperados uma cobertura de seguros para o transporte de cargas. O serviço pode ser utilizado para o transporte tanto do café cru quanto do milho. A cobertura das cargas abrange somente veículos contratados pela Cooxupé e os cadastrados no trajeto entre a propriedade do cooperado e a unidade mais próxima da entidade.
Já na Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha (Minasul), o gerente administrativo Marcelo Ramos, reitera: “É de extrema importância que o café saia com seguro da propriedade”. Trata-se de proteção que cobre o valor da nota fiscal. “Temos uma apólice relativa ao produto armazenado, que garante a sua integridade em face das intempéries”, complementa.
Para Fabiano Hollweg, da Asseg Assessoria e Corretora de Seguros, que opera com a Essor Seguros, o café, independentemente do seu estado de comercialização, é considerado mercadoria de risco agravado para o seguro de transporte, sobretudo em face da cobertura de roubo da carga. “Contudo, este não deve ser o maior empecilho à aos pequenos produtores na contratação do seguro. Uma das premissas para a sua aquisição é o embarcador possuir CNPJ”, ressalta Hollweg.
Entretanto, na maioria das vezes, o pequeno produtor é pessoa física e depende do cadastro da cooperativa para conseguir proteger a sua produção. “Desta forma, é induzido a direcionar a sua safra, mesmo tendo uma oferta melhor em uma venda direta”, salienta o assessor. Por outro lado, o produtor que possui CNPJ pode contratar diretamente o seguro de transporte da sua produção. “Neste caso, podemos fazer uma simulação se o agricultor concordar em nos enviar um questionário devidamente preenchido”, alerta Hollweg.

Soluções a todos os riscos

A AgroBrasil Seguros é considerada a primeira operadora de seguro agrícola do país. Surgiu em 1998 para atender gaúchos e catarinenses frente às intempéries e expandiu suas atividades com o tempo. Na visão da CEO da empresa, Laura Emília Dias Neves, deve-se levar em conta os chamados riscos seguráveis como transporte e armazenagem, coberturas para eventos climáticos (granizo, seca, geada, entre outros) e o subsídio federal que garante o seguro.
“Podemos afirmar que o mercado de seguros oferece soluções a todos os riscos. Dependendo de cada risco, o produtor, junto com o corretor de seguros, deverá identificar a melhor solução para a sua lavoura até o momento da colheita”, recomenda Laura. Em sua avaliação, numa segunda etapa, há os riscos “fora da porteira”, ou seja, os vinculados ao transporte e armazenamento.
Em relação a subsídios, Laura lembra a ajuda da União, bem como dos governos estaduais e de alguns municípios paulistas que, ao iniciarem seus programas de apoio, perceberam a importância da agricultura como importante fonte de receita em seu planejamento tributário, bem como na manutenção do homem no campo. “Dessa forma, ao ajudar o produtor a transferir este risco para a seguradora, os governos estão implementando a verdadeira política agrícola, pois garantem o pleno funcionamento da cadeia alimentar. Ou seja, a receita dos produtores fica preservada e a comida chega à mesa dos brasileiros”, explica a CEO da AgroBrasil.

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