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04 Dec

Independência é uma palavra feminina. Resiliência, também. Conjugadas, as duas regeram as minhas escolhas de vida. Vida calcada num projeto de independência profissional, baseado na capacidade de resistir à adversidade, de ser dona do próprio nariz, numa Campinas do interior de SP – de muitos anos atrás. Na época, se esperava das mulheres casamento com funcionário público que oferecesse a segurança da estabilidade.
Nasci segunda numa família de quatro filhos – os outros todos homens. Daí, aprendi a lutar por espaço num mundo masculino. Atitude fundamental num universo ainda extremamente machista. Era início dos anos 70. Estudei em escolas públicas, me formei em Direito pela UERJ, já casada, e comecei a conciliar maternidade e vida profissional. Meus pais eram diretores de escolas públicas, daí o meu amor pelo ensino e pela capacitação das pessoas, às quais ainda hoje tenho a sorte de me dedicar na Escola de Negócios e Seguros (ENS).
Qual bandeirante, honrando minhas raízes paulistas, fui desbravando a foice as trilhas que poderiam me levar a crescer, e abrindo caminho para muitas mulheres que viriam depois. Hoje, vejo, orgulhosa, tantas jovens mulheres que cruzaram meu caminho, e que de certo modo influenciei, em posições de destaque no mundo corporativo.
Aqueles eram tempos difíceis. De lá para cá, não há como negar que o cenário melhorou – em função da evolução da sociedade, do enfrentamento ao status quo pelas mulheres e da legislação que procurou abordar a igualdade entre os sexos. É um movimento de todo o mundo. Constatei isso ao trabalhar no exterior por duas vezes, uma nos EUA, outra na Inglaterra. Quando voltei ao Brasil, aceitei o desafio de ajudar a mudar a cultura de um grande banco brasileiro adquirido por grupo estrangeiro. Nessa época, assumi a área da seguradora e comecei a entender o fascinante universo dos seguros.
Depois disso, voltei para o Rio e comecei a trabalhar na SulAmérica. Ali fiquei por dez anos. Em 2011, tive a alegria de ser convidada pela ENS, o que permitiu usar minha experiência em prol da modernização e adequação da instituição às novas demandas de ensino. Foi um bônus profissional muito significativo, porque me deu a oportunidade de retribuir ao mercado tudo o que dele recebi por muitos anos.
Desde a virada do ano 2000, comecei a me interessar pela presença das mulheres no mercado segurador, que já compunham a maioria dos empregados de seguradoras, sem, no entanto, a necessária representação em cargos mais elevados. Descobri, com satisfação, que poderia fazer muito por elas na Escola, tendo uma visão mais geral do mercado, e tendo interagido com corretoras de seguros maravilhosas – e muito bem-sucedidas – em vários cantos do Brasil.
Começamos, então, a produzir estudos e análises sobre a presença feminina no mercado, mensurando sua evolução para níveis de maior senioridade. Também promovemos o estudo Mulheres Chefes de Família no Brasil, que identificou a paridade entre homens e mulheres no comando dos lares, o que certamente tem impacto nas decisões de consumo no setor de seguros.
Em paralelo, comecei a fazer palestras em todo o país, falando sobre protagonismo feminino, independência financeira e, a nível mais pessoal, sobre as escolhas que fazemos e suas consequências. Assim, pude compartilhar muito da minha experiência profissional com quem estava no início da carreira ou buscando coragem para mudar ou dar um salto rumo ao desconhecido. O interessante é que as palestras também despertavam o interesse dos homens, que participavam ativamente.
A ENS encontra-se em fase muito estimulante, competindo no ensino superior, procurando sua independência financeira e tentando ampliar sua relevância para o mercado segurador. Estamos investindo em inovação, novos conteúdos, novas técnicas de aprendizagem, com muita dedicação ao ensino a distância, que é para onde o mercado caminha.
Também estamos promovendo parcerias com seguradoras e instituições para prover conteúdos de qualidade às universidades corporativas, além de aprimorar e diversificar conteúdos em áreas especializadas. São mais de mil professores fazendo a diferença em todo o Brasil. É o único setor que pode contar com uma escola dedicada e que, por sinal, fará 50 anos com garra e determinação para se reinventar para os próximos 50.
Hoje, se alguém me perguntasse qual conselho eu daria para as mulheres – e todos os jovens – que estão começando a vida profissional, eu sintetizaria na seguinte afirmação: “Acredite nos seus sonhos, persiga seus ideais. Com resiliência. E zele pelo seu nome. Com independência. Ele será sempre o seu patrimônio e a sua marca, e só você poderá fazer isso por você – mais ninguém!”

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