Executivo participou de painel ‘A Cadeia da Saúde no novo ambiente de negócios, regulatório e digital’
O presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), João Alceu Amoroso Lima, participou na última quarta-feira (27), em São Paulo, do Deloitte Industry Transformation Cycle (ITC) – evento promovido pela Deloitte Consultoria e que abordou as grandes transformações pelas quais passam os setores da economia e as empresas brasileiras. Na qualidade de presidente da FenaSaúde, João Alceu foi instado a falar sobre a desintermediação da cadeia médica e o custo da saúde, no painel “A cadeia da Saúde no novo ambiente de negócios, regulatório e digital”. Também participaram do debate Eduardo Amaro, presidente do Conselho da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp); Sérgio Pacheco Filho, diretor de Market Acess para América Latina da Abbvie; e Simone Freire, diretora de Fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A palestra de abertura foi proferida por Enrico De Vettori, sócio-lider da Industria Life Science & Halth Care da Deloitte. O debate foi mediado por José Carlos Abrahão, ex-presidente da ANS.
Ao ser indagado sobre processo de desintermediação que a Saúde Suplementar pode vir a enfrentar, João Alceu lembrou que o assunto surgiu a partir do anúncio da criação de uma joint ventureformada pelas gigantes Amazon, Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warran Buffet, e o JP Morgan Chase para criar soluções tecnológicas em busca de planos de saúde simplificados para seus funcionários, a custo baixo. O executivo ressaltou que toda iniciativa que tenha capacidade de frear a velocidade da escalada dos custos da saúde é bem-vinda. Destacou, inclusive, que as notícias da época não sinalizaram que as empresas envolvidas no projeto da joint venture abandonariam as operadoras para negociarem diretamente com os prestadores de serviços. “Não acredito nisso, mas estou curioso para ver o que sairá dessa iniciativa. São empresas criativas e disruptivas que estão empregando toda a sua inteligência para uma solução para o problema, que é global”, frisou João Alceu. Em sua avaliação, caso cheguem a uma fórmula eficiente para reduzir os custos do setor, as três empresas dividirão com o mercado.
Reajuste – Questionado sobre a majoração dos planos de saúde, o presidente da FenaSaúde avaliou que a ANS conseguiu evoluir na metodologia de cálculo dos planos individuais, ao considerar na fórmula que 80% do índice será baseado justamente na variação das despesas médicas, ficando os 20% restantes por conta da inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “Essa fórmula ficou mais próxima da realidade, sem sombras de dúvidas”, observou. Para João Alceu, entretanto, seria interessante que no próximo passo da jornada do reajuste se adotasse critérios particularizados e mais em acordo com a realidade de cada região do Brasil. “O fato é que são necessárias regras claras para que as empresas voltem a negociar os planos individuais. Sem a garantia de solvência, as empresas não voltarão a investir nesse tipo de produto”, argumentou. Em relação aos planos coletivos, o presidente da FenaSaúde admitiu que o próximo ciclo de reajustes que se inicia em maio de 2019 ainda deverá ser elevado e da ordem de três a quatro vezes o IPCA do período. “Infelizmente e apesar de inúmeras iniciativas, ainda não conseguimos quebrar a espinha dorsal desse ciclo de inflação médica”, previu.
APS – O presidente da FenaSaúde aproveitou a realização do Deloitte ITC para reforçar a importância da adoção da Atenção Primária à Saúde (APS). De acordo com Simone Freire, diretora de Fiscalização, essa iniciativa é incentivada pela ANS. “A Agência incluiu esse modelo no conjunto de boas práticas para certificar as operadoras que o adotam”. João Alceu ressaltou que a APS já está sendo praticada voluntariamente pelas empresas e essa experiência já gerou importantes resultados, como a redução de 20% nas internações e de 30% no número de consultas, além da satisfação dos pacientes. “APS é uma das bandeiras da FenaSaúde”, assinalou.
Demografia e perfil epidemiológico – o presidente do Conselho da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), Eduardo Amado, reconheceu que há descontinuidade no atendimento às pessoas idosas no Brasil. Destacou, porém, que já existem programas desenvolvidos nos hospitais cujo foco é tratar o idoso em casa, e cada vez menos deixando esse público nas dependências do hospital. Amado também admitiu que ainda não existe total integração do sistema médico-hospitalar. “Sabemos que a falta de integração, em alguns casos, acaba gerando aumento na frequência e nas internações desnecessárias. Mas os hospitais têm procurado, na medida do possível, desospitalizar o idoso”, assegurou.
Estudo do envelhecimento – Sergio Pacheco Filho, diretor de Market Access para a América Latina da biofarmacêutica AbbVie, levou para o ITC a informação de que a companhia intensifica as pesquisas sobre envelhecimento no Brasil. De acordo com ele, atualmente, existem vários estudos clínicos totalmente voltados para a realidade do país, com protocolos específicos para brasileiros – a Abbvie acompanha como determinados tratamentos reagem especificamente no Brasil. “Atualmente a empresa estuda toda a trajetória do paciente, considerando uma parte de imunização e outra na atenção primária muito ativa junto às operadoras e prestadoras de serviços”. Como parte dos estudos sobre o envelhecimento, Pacheco destacou a parceria com o Google, na criação da Calico, voltada ao estudo e busca de melhorias no bem-estar e na saúde dos seres humanos.
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