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23 Nov

Proteção no campo com qualidade

20 de julho de 2019
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O agronegócio brasileiro é responsável por quase a metade do volume de exportações do país. O fato indiscutível moveu a Tokio Marine a lançar o seu segundo produto na área, o Agro Safras, uma nova oportunidade de atuação para corretores especializados. O objetivo da companhia é oferecer cobertura a mais de 70 culturas em todo o Brasil, garantindo ao produtor o replantio da safra e a permanência na atividade, em caso de eventos climáticos. O outro produto já lançado é o Agro Equipamentos que cobre ocorrências como incêndios nas propriedades, explosões, raios, trombas d’água, etc.

“Com o Agro Safras, obtivemos uma excelente produção em junho, com mais de R$ 10 milhões arrecadados em prêmios”, ressaltou o presidente da Tokio Marine, José Adalberto Ferrara, no Expertise Agro, evento promovido pela seguradora em São Paulo. Segundo previsões do diretor-executivo de Produtos Pessoa Jurídica, a companhia tem uma meta ambiciosa: de estar entre os quatro maiores players do setor num período de três anos. Para isso, o produto deve ter ampliação de cobertura para todo o país. Até agora, 472 municípios de 12 estados são beneficiados. Foram emitidas 3.690 apólices.

O gerente de Produto Agro Safra da Tokio Marine, Joaquim Neto, revela o diferencial desta modalidade de proteção: “Hoje apenas 10% dos produtores nacionais possuem seguro de safra, o que mostra que ainda temos um potencial enorme a explorar. Após um sinistro, o processo de replantio e, consequentemente, o retorno dos lucros de um produtor pode demorar até três anos. Com o seguro, o pagamento é feito em até 30 dias”.

Um termômetro importante para o agronegócio são as condições do tempo. Desirée Brandt, da Somar Meteorologia, fez uma análise dos impactos no clima nas safras e das variações dos fenômenos atmosféricos El Niño e La Ninã no Pacífico na agricultura. De julho até fevereiro de 2020, Desirée prevê chuvas irregulares para o Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em alguns meses as precipitações estarão abaixo da média e em outros mais abundantes, porém sempre irregulares. Má notícia: a meteorologista estima que em fevereiro do próximo ano será ápice de um período de seca em São Paulo, com prováveis problemas de abastecimento em reservatórios.

Segurança alimentar

Considerada uma das maiores autoridades e estudiosos do setor no Brasil, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues ministrou palestra sobre o atual cenário do agronegócio e anunciou sua proposta sobre segurança alimentar. Rodrigues destacou projeção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de que o mundo precisará aumentar sua produção de alimentos em 20% até 2020 para abastecer as populações. Contudo, essa meta só poderá ser atingida, segundo a entidade se o Brasil aumentar sua produção em pelo menos que 40%. Este é um desafio inatingível?

Para o ex-ministro, a meta ousada está assentada em três pilares obrigatórios: incremento à tecnologia tropical, terra disponível e recursos humanos qualificados. “Entre as safras 1990/91 e 2018/2019 a expansão tecnológica foi extraordinária. Nenhum país do mundo conseguiu isso em tão pouco tempo”, emendou. No período compreendido entre as duas safras, a área plantada cresceu 66% e a produção mais de 300%. Sobre o desafio à produção brasileira, Rodrigues acredita que o percentual pode ser alcançado, desde que haja uma “estratégia” definida. Tal estratégia reside em projeto de sua autoria denominado “Uma plataforma para o Brasil”.

Essa plataforma engloba uma série de propostas, prioridades e ações para que o Brasil se torne referência mundial nas cadeias de produção, sobretudo a de alimentos. “Esse não é simplesmente um plano de governo. É um plano de Estado para 2030”, justificou. A plataforma defende o abastecimento interno com qualidade e preços compatíveis. Em sua análise o Brasil precisa assumir a posição de “campeão da segurança alimentar” no planeta, com o engajamento de toda a sociedade.

‘Pedra de toque’ da agricultura

Dos poucos mais de 62 milhões de hectares agricultáveis no Brasil, apenas 4,7 milhões (ou 7,5%) estão protegidos com seguro. O valor segurado totalizou R$ 12,5 bilhões, ao beneficiar 42 mil produtores. Em 2018, a subvenção do governo para pagamento das apólices girou em torno de R$ 370,5 milhões. Para a safra 2019/2020 a previsão do subsídio seria de R$ 1 bilhão, o que, segundo técnicos do Ministério da Agricultura, seria suficiente para ampliar a área cobertura até 15,6 milhões de hectares.

A realidade do seguro agrícola no país – apenas 10% das áreas são passíveis de proteção, enquanto os Estados Unidos registram 90% – ainda é tímida comparada ao desempenho de todas as cadeias produtivas em relação ao Produto Interno Bruto. O PIB do agronegócio, de R$ 1,43 trilhão, corresponde a 21% do brasileiro (R$ 68 trilhões).

“O seguro rural é a pedra de toque para a agricultura brasileira”, definiu o ex-ministro Rodrigues, porque estabiliza a renda ao produtor. Ele defende que o seguro deve ter respaldo de alguns instrumentos como tecnologia de ponta e zoneamento agroecológico. “Há 40 anos, venho defendendo a proteção ao campo como importante alavanca de produtividade”, concluiu Rodrigues.

Redação Revista IC – Carlos Alberto Pacheco

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