Novo sistema monitora e analisa ondas cerebrais para gerar diferentes alertas para um dashboard analítico na nuvem a fim de garantir segurança aos motoristas, produtividade e redução de custos às empresas, bem como diminuição significativa do número de acidentes rodoviários
Os acidentes de trânsito no Brasil matam cerca de 45 mil pessoas por ano e deixam mais de 160 mil com lesões graves em uma estimativa conservadora, conforme dados da Datasus. A maioria destas mortes ocorre nas rodovias brasileiras e representa perdas superiores a R$ 12 bilhões anuais para a sociedade, segundo o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Deste total de custos, a maior fatia corresponde a prejuízos relativos à produção, seguidas pelos gastos com os veículos e hospitalares.
Os números de ocorrências e seus custos são impressionantes e se tornam ainda mais alarmantes se considerado que a maioria dos acidentes envolve um veículo de carga (cerca de 80%), cujo peso e velocidade pode agravar as consequências socioeconômicas e ambientais. Além disso, há um fator muito preocupante, o Observatório Nacional de Segurança Viária em outra pesquisa, realizada em junho de 2018, constatou que o sono e o cansaço são responsáveis por até 50% dos acidentes.
Esta constatação foi um dos motivadores para que a everis, multinacional de consultoria que oferece soluções de tecnologia e de negócios e é integrante do Grupo NTT DATA, uma das dez maiores empresas mundiais de serviços de TI, em parceria com a startup Carenet Longevity, especializada em soluções para o setor de saúde, elaborassem o Morpheus. Trata-se de uma solução tecnológica de gestão e monitoramento do sono, que acoplada à cabine do veículo e ao condutor, por meio de eletrônica embarcada e um boné inteligente, monitora ondas cerebrais para identificar sinais de sonolência e emitir alertas sonoros, possibilitando a prevenção de maiores riscos.
Todos os dados gerados pelo Morpheus são enviados para um dashboard inteligente na nuvem, que é atualizado em tempo real e pode ser customizado conforme as necessidades específicas de cada empresa. Os dados registrados são acompanhados e analisados pelos profissionais da everis e do cliente, que assim podem verificar anomalias e propor melhorias nos processos logísticos, visando maior produtividade e segurança, associadas a menores custos.
“O Morpheus é o resultado de um trabalho em equipe bem-sucedido, que visava tornar uma ideia inovadora em um produto útil e benéfico para as pessoas, as empresas e a sociedade como um todo”, afirma Hélio Fischer, gerente do projeto Morpheus. Segundo ele, desde o princípio, havia a preocupação de atender às demandas de saúde, bem-estar e comodidade dos condutores e de redução máxima dos acidentes provocados pelo sono e o cansaço proveniente das empresas.
Hélio explica ainda que “por esta razão, o Morpheus é uma solução cujo uso é leve e confortável e entra em funcionamento no momento em que o caminhão é ligado, se desligando automaticamente junto com o veículo. Seu funcionamento é simples e eficaz, ao monitorar as ondas cerebrais, identifica características de sonolência com 30 segundos de antecedência e emite um alarme para manter o motorista em estado de alerta.”
O objetivo, de acordo com Immo Paul, CEO da Carenet Longevity, sempre foi atuar de forma preventiva em relação aos acidentes e aplicar business analytics aos dados coletados e combinados para assim gerar insights para a gestão do sono. “Nossa parceria resultou em uma solução eficaz que aumentará a segurança nas operações de nossos clientes, oferecendo comodidade e proteção aos condutores, e, simultaneamente, protegerá a imagem e a reputação das companhias”, esclarece Paul.
O Morpheus resulta de um método de trabalho adotado pela everis há anos, que privilegia a atuação em um ecossistema de cooperação com startups e clientes para promover a inovação em benefício dos processos empresariais e da sociedade. De imediato, a consultoria tem como foco comercializar o sistema para transportadoras de cargas e empresas de ônibus rodoviários, que percorram longas distâncias.
“Acreditamos que teremos uma excelente receptividade dos frotistas, pois já realizamos mais de 150 testes para diferentes empresas, com o monitoramento simultâneo de mais de 50 motoristas. Mas o Morpheus pode ser adequado para gerir e monitorar o sono de motoristas de guindastes e grandes equipamentos agrícolas, bem como para gerir o sono de médicos plantonistas e outros profissionais que trabalham em longos turnos”, detalha Fischer.
As expectativas em relação ao Morpheus são ambiciosas, pois quanto maior o número de unidades vendidas, mais acessível se torna o custo da solução para os clientes. No momento, o preço inicial está entre R$ 100,00 e R$ 200,00 por mês. “Em um ano, nós queremos monitorar 5 mil caminhões em território nacional e ampliar anualmente o volume de vendas em 100% nos próximos cinco anos”, salienta o executivo da everis.
Os frotistas de ônibus e caminhões poderão adquirir o Morpheus diretamente com a equipe da everis, no telefone (11) 3245-3200, ou com os atuais parceiros da consultoria: Rodrigo Mataraia, da Mapp Gestão, tel.: (11) 98164-2060, e-mail: mataraia@mappgestao.com.br, ou Immo Paul, da Carenet Longevity, tel.: (11) 98818-0686, e-mail:immo@carenet.com.br. Até dezembro de 2019, a everis espera ter ampliado sua rede de canais de vendas o suficiente para ter parceiros distribuídos em todo o território nacional.
Por dentro do Morpheus
A everis, em parceria com a Carenet e uma equipe médica especialmente contratada, dedicaram mais de dois anos ao desenvolvimento do Morpheus, nos quais se dedicou a conhecer e desenvolver estudos sobre segurança nas rodovias, riscos de acidentes envolvendo transportes de cargas e rodoviários, morfologia do cérebro e questões específicas relativas ao sono. Além disso, fez um mapeamento dos diferentes perfis de motoristas e dos pontos de atenção em várias estradas nacionais.
O próximo passo foi criar e viabilizar um hardware adequado para a operação, com uma arquitetura especialmente desenvolvida com predição mais acurada e reengenharia dos dispositivos para melhor usabilidade e funcionalidade, iniciando uma intensa fase de testes com condutores de diferentes transportadoras. Ao todo, até o momento, mais de 150 viagens já foram monitoradas.
“É um projeto muito interessante porque visa auxiliar na prevenção de um grave problema nacional – os acidentes veiculares. Nós, da equipe médica, contribuímos com o desenvolvimento da solução, detalhando o funcionamento do cérebro durante a transição entre a vigília e o sono, caracterizando os estágios de sonolência. Utilizamos exames com os melhores padrões científicos para detecção de sono. Além disso, ajudamos na classificação e na interpretação dos dados da transição (vigília e o sono), que foram coletados durante séries de polissonografia e de testes de latência múltiplas do sono, cujos dados foram posteriormente relacionados e comparados com os resultados obtidos da solução”, informa Dr. Fernando Morgadinho, Professor adjunto de Neurologia da Unifesp.
Os testes efetuados deram origem a importantes insights para a melhor gestão do sono:
1) Fumo – se a pessoa é fumante, ela tem o triplo de chance de ter sono enquanto dirige, em comparação com um não fumante.
2) Bebida – além do estigma sobre o consumo frequente, os usuários que assumiram beber mais de duas vezes por semana, apresentam mais que o dobro de sonolência.
3) Sobrepeso – os condutores que pesam mais de 100 Kg e têm baixa estatura apresentam mais do que o dobro de chance de passarem por um episódio de sonolência ao volante.
4) Distância ser percorrida até o trabalho – quanto mais distante o motorista mora do trabalho, maior é a incidência do sono.
5) Retorno de folgas – em geral, no primeiro dia após a folga, o profissional está mais cansado e tem mais episódios de sono.
6) Período do dia – há uma taxa de quase 20% mais ocorrências de sonolência de manhã, impulsionada pelo nascer-do-Sol.
7) Qualidade da rodovia – trechos de estrada duplicada chegaram a apresentar 17% de ocorrências de sonolência, enquanto trechos com mão dupla, pouquíssimo
Como resultado, o Morpheus é composto por um dispositivo que se encaixa em um boné, responsável pela coleta de dados das ondas cerebrais, que tem um aplicativo inteligente de detecção de sonolência nos motoristas, integrado via Bluetooth e processa todos os dados a partir do algoritmo desenvolvido pela Everis, gerando os alertas de sonolência. Estes alertas são registrados no dashboard, que fornece relatórios mostrando o número de incidências detectadas e outros indicadores, além de armazenar os dados enviados pelo aplicativo em modo off-line.
Com base nos critérios pré-inseridos na solução, o dashboard faz as análises e verifica o grau de sonolência de cada motorista de acordo com as seguintes classificações: 1) estágio normal de pré-sonolência (100% ativo – verde escuro); início de estado de atenção (90% a 80% ativo – verde mais claro); estado de atenção (70% a 50% ativo – variações de amarelo) e estado crítico de segurança (menos de 50% ativo – variações de vermelho).
Futuramente, a Everis e a Carenet Longevity pretendem adicionar novas funcionalidades ao Morpheus como integração com outros sistemas já presentes nos caminhões e dashborad com indicadores mais sofisticados que ajudarão em tomada de decisões mais assertivas durante cada viagem. Outra tendência é, com o uso da análise das ondas cerebrais, obter novos insights para identificar consumo de drogas e outras substâncias, melhor monitoramento com novos dispositivos para captura de mais informações (ex.: batimento cardíaco, frequência respiratória), que aumentarão a acuracidade, e personalização do algoritmo de inteligência artificial da solução.
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