Em sentido amplo, o etarismo engloba a discriminação contra pessoas com base em sua idade. É um preconceito que pode ocorrer contra os mais jovens, como, por exemplo, quando o profissional é visto automaticamente como “irresponsável”, ou então não preparado para cargos de liderança. No entanto, o termo é normalmente voltado à adultos de meia idade, a partir dos 50 anos, onde o impacto do preconceito é sentido de forma muito acentuada, seja no financeiro ou emocional, e está diretamente ligado a diminuição de oportunidades profissionais.
De acordo com estudo elaborado pelo Instituto de Longevidade MAG a partir de dados públicos, a população com 50 anos ou mais no país soma 55,9 milhões de pessoas, e a participação desse público no mercado de trabalho vem crescendo a taxas de 0,5 ponto percentual por ano.
A população 50+ teve, pelo mesmo estudo, uma taxa de participação de 41,3% em 2021 em todos os postos de trabalho. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de janeiro deste ano, em 30 anos quase 30% da população brasileira será idosa, índice que triplicou desde 2010. Se continuarmos nessa tendência, em 2030 haverá uma mudança de paradigma, pois será quando a população do país com 60 anos ou mais irá ultrapassar crianças e adolescentes de 14 anos.
Esses dados mostram a urgência do combate ao etarismo e como a inclusão etária tornou-se uma prioridade. Ele deve ser combatido da mesma maneira que o racismo, machismo ou homofobia: com educação, conscientização e estímulos práticos para que pessoas que se enquadrem nesses perfis — pessoas pretas, mulheres, LGBTQIA+s e ou 50+ — tenham oportunidades concretas de ascender em suas carreiras.
Segundo relatório divulgado no ano passado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), é estimado que uma em cada duas pessoas no mundo já sofreu atitudes discriminatórias que pioram a saúde física e mental de pessoas idosas. Além disso, também foi revelado que o preconceito por idade pode estar infiltrado em muitas instituições e setores da sociedade, como locais de assistência médica e trabalho.
Dessa forma, as corporações devem estar mais abertas e atentas às vantagens de se manter um funcionário 50+. Ter profissionais mais maduros no mercado não seria apenas uma readequação ao paradigma atual, mas uma ação que traz uma gama de benefícios para a empresa contratante, vantagens que derivam da promoção da diversidade corporativa. E por que é importante ter profissionais de diferentes etnias, gêneros e gerações? Porque a sociedade é feita de pessoas de diferentes etnias, gêneros e gerações. Se as empresas querem inovar, conquistar novos clientes e desenvolver produtos alinhados às demandas, tanto melhor será ter uma equipe plural, diversa, com diferentes perspectivas — e que reflita o mundo em que vivemos.
Contudo, os 50+ possuem dois principais desafios: um deles é o fato de terem sua formação educacional e o ingresso no mercado de trabalho em um momento do mundo em que a aceleração tecnológica não era tão intensa. Outra questão é a longevidade, pois a expectativa de vida vem crescendo cada vez mais, e isso acaba gerando um impacto sobre a duração das carreiras e tempo de trabalho, e sobre a renda gerada para a aposentadoria.
Mas que não haja dúvidas de que é possível que o profissional busque se manter atualizado; ele não deve temer fazer contato com as gerações mais jovens, e deve buscar aprender com elas e desenvolver o autoconhecimento, para entender quais caminhos trilhar.
- Por Antonio Leitão, gerente institucional do Instituto de Longevidade
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