A saída para o setor de saúde suplementar se recuperar da crise e voltar a crescer
passa por lançar produtos com preços mais acessíveis para a população, reduzindo
custos sem perder a qualidade. As ações incluem oferta de produtos com
coparticipação e franquias assim como com abrangência apenas em micro regiões.
Mas, sobretudo, são necessários aperfeiçoamentos na lei n° 9.656/1998, que regula o
setor no país, para que as principais melhorias possam acontecer.
“Passamos por várias crises e esta não será a última. Perdemos 3 milhões de
beneficiários desde a crise que se seguiu ao governo Dilma. Desde então, a
recuperação vinha muito lenta. Não se pode lançar produtos com menos coberturas
do que aquelas do rol [de procedimentos de cobertura obrigatória estabelecido pela
ANS], cujo escopo vem aumentando ao longo dos anos”, afirmou o presidente da
FenaSaúde, João Alceu Amoroso Lima, na abertura do Summit Internacional Americas,
promovido pela UnitedHealth Group Brasil, com o tema “Lições da Covid-19”, realizado
nesta quinta-feira (23/7).
Como consequência da crise, Amoroso Lima prevê perda de 380 mil beneficiários com
cobertura médica e 500 mil com cobertura odontológica, apenas no primeiro semestre
deste ano. São pessoas que, sem alternativa, possivelmente pressionarão ainda mais a
demanda pelos serviços públicos fornecidos pelo Estado no âmbito do Sistema Único
de Saúde (SUS).
Nesse contexto, o consumidor também precisa tomar cuidado com uma série de
produtos lançados no mercado, mas que não podem ser considerados planos ou
seguros de saúde. São verdadeiros “gato por lebre”, na avaliação do presidente da
FenaSaúde: oferecem mensalidades baixas, mas não asseguram aos pacientes o acesso
à ampla cobertura estabelecida na legislação e pela ANS que só os planos e seguros de
saúde garantem.
Para Amoroso Lima, um fato que sempre precisa ser levado em consideração é o papel
relevante da saúde suplementar para a sociedade, tanto agora durante a atual
pandemia, quanto em tempos de normalidade. “Antes de entrar no mérito sobre se as
operadoras estão ganhando ou perdendo, é preciso enfatizar que o setor está em
pleno funcionamento, sem rupturas, entregando serviços e saúde de qualidade aos
beneficiários. Cumprir os contratos não é mais que nossa obrigação, mas numa crise desta envergadura, não deixa de ser meritório e digno de menção”, disse, durante o
painel “Como as operadoras vão se adaptar à perda de vidas conveniadas e downgrade
de planos? Quais novos produtos podem e devem ser lançados no mercado? Como o
governo e a ANS podem auxiliar?”
A redução de demanda observada nestes quatro meses de pandemia, explicou o
presidente da FenaSaúde, afetou toda a cadeia de prestação de serviços de saúde. No
período de março a maio de 2019 comparado a março a maio de 2020, a taxa de
sinistralidade das operadoras caiu 10 pontos percentuais, segundo dados recentes da
ANS. Mas já se observa reversão deste comportamento. “A tendência é que no
curto/médio prazo a sinistralidade volte a 76%. O setor espera para os próximos meses
o aumento de procedimentos que ficaram represados”.
Já a ANS tem sido bastante criticada no período atual, e por todos os lados, ressaltou
Amoroso Lima. Entre as medidas que o órgão regulador poderia tomar para auxiliar o
mercado está a flexibilização dos reajustes de planos individuais. “Se a sociedade quer
de volta os produtos individuais, é preciso mudar as regras”, disse o presidente da
FenaSaúde.
No evento, João Alceu Amoroso Lima dividiu a mesa virtual com o CEO daUnitedHealth Group Brasil, José Carlos Magalhães; com o ex-presidente do Banco Central e sócio fundador da Gávea Investimentos, Arminio Fraga, e com o CEO da Americas Serviços Médicos, Marco Costa. A moderação foi de Laís Perazo, CMO da UnitedHealth Group Brasil.
Assessoria de Imprensa FenaSaúde
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