No último Café com Seguro Live, membros da Cátedra de Ciências Atuariais da ANSP apresentaram dados da atual situação e como a saúde suplementar será atingida do ponto de vista atuarial. O evento aconteceu no dia 01 de julho pelo canal a Academia no Youtube.
“Discutir saúde é fundamental no momento. Precisamos trazer elementos para qualificar a discussão atuarial da área da saúde e levar consistência”, ponderou João Marcelo dos Santos, presidente da Academia, após elogiar a destacada produção e proatividade da Cátedra de Ciência Atuarial da ANSP. “É um tema extenso e o futuro, com essa pandemia, exigirá muita união dos matemáticos, atuários e estatísticos, justamente para modelar um pouco o que virá”, completou Magali Zeller, Coordenadora da Cátedra de Ciências atuariais.
Diante do cenário atual, o futuro da saúde suplementar torna-se incerto. Isso porque, explica o Ac. Antonio Westenberger, o atuário, em particular trabalha olhando para o futuro. “Nas apólices, há um campo chamado ‘riscos excluídos’, como pandemias, por exemplo. Isso significa que o atuário não considerou esses eventos cobertos, então, é certo que o desequilíbrio vai se instalar, caso esse risco passe a ser amparado pelo seguro que não o previu”, afirmou.
Apesar das circunstâncias, é preciso pensar adequadamente na arquitetura do produto em linha com um fluxo de desenvolvimento bem estabelecido. “Será que há um nível de conhecimento da população que você considera elegível para ter um plano de saúde?”, questionou Ac. Antonio Westenberg. “É necessário ter ciência do “status quo” da população, para entender o custo em que há de se incorrer”, acrescentou.
No que diz respeito ao capital baseado em risco e margem de solvência, no início deste ano a ANS instituiu a RN 451/20, que define o capital regulatório das operadoras de planos de assistência à saúde. A normativa, detalhou a Ac. Sandra Odeli, trouxe às operadoras que tinham o direito de fazer o escalonamento da margem de solvência a possibilidade de adotar, por meio de um termo de compromisso, a antecipação do capital baseado em risco e o congelamento de 75% da sua margem de solvência. “Foi um alívio! Se as operadoras pudessem adotar uma prática dentro do que trouxe a RN, teríamos muitas contribuições”, comentou.
A operadora precisará calcular o capital base, a margem de solvência e do risco de subscrição a partir de um modelo feito pela ANS. Para tanto, explicou a debatedora, “é preciso agregar ao cálculo da margem de solvência as contraprestações de corresponsabilidade cedida de cobertura assistencial e corresponsabilidade cedida em preços pós-estabelecidos. Antigamente, nós deduzíamos essa parcela”.
Entretanto, com a decisão do Governo Federal em junho de não mais divulgar os dados de infectados e mortos pelo Coronavírus, calcular adequadamente os dados tornou-se difícil. “Percebemos que o Brasil ainda está bem longe do achatamento de curva, mesmo assim, precisamos de informações para calcular a precificação e os dados de reserva. Não ter essa divulgação é um prejuízo a nossa profissão”, alertou o Ac. Anderson Silva, membro da Cátedra de Ciência Atuarial.
O Acadêmico afirma que a situação no país é crítica. “Infelizmente, não trago boas notícias. Há estimativas de PIB negativo, na ordem de 9%. Além disso, estamos em situação de crescimento exponencial e descontrolado doa Covid-19 juntamente com outros países como Suécia, África do Sul e USA, comentou.
O primeiro efeito deve ser na Previdência Social, seja pela gestão da quantidade de benefícios, quanto pela inclusão de novas modalidades de aposentadoria e de invalidez por conta dos efeitos residuais do vírus. “O impacto será tanto na previdência fechada, quanto na aberta; nesta menos porque as coberturas de invalidez não são tão generalizadas quanto naquela”, explicou Ivo Betega, membro da Cátedra de Ciência Atuarial da ANSP. Além disso, as empresas estão reduzindo salários e despedindo pessoas. “Isso corta a receita da Previdência Social e da complementar”, acrescenta.
O impacto seguinte será nas carteiras de vida, afirma. “Aparentemente ainda não houve um impacto significativo porque quem está morrendo são pessoas de renda mais baixa que não tem seguro de vida. Entretanto, se esse cidadão estava empregado, as carteiras de seguro de vida em grupo são mais atingidas”, concluiu.
O evento contou com a abertura do presidente da ANSP, João Marcelo dos Santos e do diretor de Fóruns Acadêmicos, Edmur de Almeida, que também coordenou o evento junto, Magali Zeller, coordenadora da Cátedra Ciência Atuarial.
Confira a íntegra do evento: https://www.youtube.com/watch?v=28CEQjWk_5c.
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