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23 Nov

Seminário internacional e Expo ABGR 2019 reuniram um público qualificado em São Paulo

Uma grande oportunidade para colocar a gestão do risco no centro dos debates. Em suma, o XIII Seminário Internacional da Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR) trouxe aos cerca de 4 mil profissionais, que assistiram a 12 palestras distribuídas em três salas do WTC, em São Paulo, temas ligados às áreas de risco e de infraestrutura. Outro atrativo foi a feira de negócios (Expo ABGR 2019) composta por 21 expositores, atraindo número considerável de pessoas, entre risk managers, executivos e brokers. O valor das informações transmitidas nas palestras e o networking qualificado explicam porque este é o maior evento do gênero da América Latina.

“Este evento mostrou um nível altíssimo, tanto nos painéis quanto na presença de grandes lideranças do mercado”, comentou a presidente da ABGR, Cristiane França  Alves, ao final do seminário. Já o presidente do Conselho Deliberativo da entidade, Jorge Luzzi justificou a importância da 13ª edição do seminário: “O gerenciamento de riscos é a base fundamental para um melhor tratamento do próprio risco. Assim, é possível mitigar o número de sinistros e propiciar ao mercado uma menor exposição a situações de grande impacto”.

Na abertura do seminário, uma presença estratégica: a titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Solange Vieira. Ela confirmou uma tese desde a sua posse na autarquia: existe um espaço enorme para o crescimento do mercado. “Não podemos construir uma hidrelétrica sem seguros”, exemplificou. E trouxe uma novidade, a criação de uma diretoria especializada em gestão de riscos. Temas como garantias contratuais, segurança digital, reforma da Previdência, logística e riscos da barragem mobilizaram quantidade expressiva de participantes.

Cenário otimista para 2020

Os principais players que marcaram presença no seminário e na Expo ABGR 2019 foram unânimes em apostar no ano de 2020, cujo cenário será propício para o crescimento econômico, abrindo campo para os investimentos. “Acreditamos na expansão da economia, ao propiciar a geração de mais empregos e crédito aos consumidores. A expectativa é a melhor possível inclusive para a retomada das grandes obras de infraestrutura”, prognosticou o CEO para a América Latina da Swiss Re Corporate Solutions, Ângelo Colombo.

O diretor-executivo de Produtos Pessoa Jurídica da Tokio Marine Seguradora, Felipe Smith, também está otimista quanto a 2020. “Hoje, o mercado cresce acima de 15% no segmento de transportes e property, assim como o volume de prêmios. Entendo que os negócios relativos a lucros cessantes estão alavancando esse crescimento”, analisou. A exemplo de 2019, Smith confia num desempenho ainda mais favorável dos riscos corporativos para o próximo ano.

“Há uma tendência de contratação de novos riscos a partir de 2020, estes ligados à retomada dos investimentos em infraestrutura, melhora da economia, processo privatizações e melhor ambiente regulatório”, ressaltou o Deputy CEO AXA no Brasil, Renato Rodrigues. Segundo ele, a retomada dos investimentos irá aquecer o mercado de riscos de engenharia com a aplicação da tecnologia, que mudará a forma de mensurar os riscos. “O uso de drones e realidade aumentada, por exemplo, facilitará a precisão na avaliação do o risco e no acompanhamento das obras”, emendou.

O diretor-geral da área de risk solutions da Lockton, Marcelo Elias, afirmou que a empresa observa mudanças no ambiente de proteção no mercado global, onde um dos protagonistas é o Brasil, ao exibir “crescimento potencial para os seguros corporativos”. Ele adverte, contudo, a necessidade de se ampliar a cultura do seguro entre os diversos níveis de consumo. Elias lembra que universidades e cursos de pós-graduação de países do primeiro mundo possuem em sua grade curricular a disciplina gestão de riscos.

Educação de qualidade é defendida igualmente pelo CEO da AIG Brasil, Fábio Protasio Oliveira. “É necessário conhecer a fundo os aspectos do gerenciamento de risco. Temos de levar conhecimento aos corretores e clientes, sobretudo no que tange às experiências e produtos de países mais desenvolvidos que o Brasil”, preconiza. O evento da ABGR, de acordo com Oliveira, oferece essa oportunidade, ao explicar e valorizar o risco e as ações corretas de mitigação.

O panorama positivo para o próximo ano inclui obviamente o seguro garantia pela expectativa de novos investimentos em infraestrutura. “Estagnado há alguns anos, este é um setor que depende muito da evolução da economia. Mas, em 2020, o surgimento de novos projetos e empreendimentos comerciais e industriais de grande vulto é perceptível”, aposta o diretor comercial da Fator Seguradora, Emerson Bueno. Para o ‘garantia’, ele prevê uma expansão de cerca de 2% em relação ao PIB.

O CEO da Zurich Seguros, Edson Franco, crê num panorama bastante favorável para os negócios no próximo ano. O cenário virtuoso favorecerá a expansão da venda de seguros corporativos e suas várias modalidades. “De fato há uma previsão otimista de retomada de grandes obras que aumentará sensivelmente a demanda e fará o país crescer”, confia o CEO da Zurich.

Essa é a mesma linha de pensamento do CEO da MDS Brasil, Ariel Couto. “Após um período de recessão, espero que, no próximo ano, a economia brasileira traga excelentes oportunidades ao setor, com a contratação de pessoas qualificadas para as empresas e um nível de desemprego menor também nas áreas de infraestrutura”, enfatiza Couto, que credita à Reforma da Previdência e, posteriormente, a tributária, como fatores que impulsionam o crescimento brasileiro.

Universo de novos riscos

Na expectativa de um cenário positivo para os seguros corporativos, o diretor de Novos Negócios da Willis Towers Watson, Álvaro Trilho, explica como pode haver a junção de três aspectos distintos: a operação do risco, o gerenciamento e a auditoria. A primeira linha, a da operação, há o papel do gerente do risco que administrar a ocorrência dos eventos, com potencial para se materializar. A segunda linha refere-se à gestão do risco e quem assume esse papel é um consultor interno, que auxilia a primeira linha. “Esse consultor segue as determinações da alta direção da empresa. Ele avalia o apetite ao risco e quais, no âmbito da corporação, devem ser administrados ou terceirizados”, explica Trilho. E, por fim, a auditoria analisará se as determinações da alta direção estão sendo seguidas no dia a dia do risco ou na consultoria interna.

Um dos riscos mais comentados tanto nas palestras quanto no recinto da exposição são os cibernéticos. “Atualmente, com as inovações tecnológicas, as organizações estão tomando cuidado com os cyber risks. Mas, na verdade, ainda não se conhece o amplo poder de destruição de ataques cibernéticos, salienta o diretor-executivo da Fundalarys, Javier Mirabal. Segundo ele, as empresas que utilizam canais eletrônicos para comercializar seus produtos, usando aplicativos, armazenam informações de clientes e dados confidenciais. “É imprescindível proteger o patrimônio intangível, ou seja, as informações, das fraudes”, adverte. 

“Todos os dias recebemos informações de novos riscos, como o cyber, que é muito importante, que vem sendo analisado cuidadosamente pelo mercado segurador. Temos de perguntar: qual é o tamanho do impacto que esse risco pode gerar e comprometer irremediavelmente os negócios das empresas no Brasil e no mundo?”, indaga o diretor comercial Corporate da Sompo Seguros, Eduardo David Garcia. O executivo vislumbra o cyber risk como um mercado a ser devidamente prospectado pelas seguradoras.

Se, no passado, a preocupação das companhias era com os riscos tradicionais – incêndios, explosões, vazamentos e danos elétricos – agora o foco é de outra natureza. O CEO da Aon Brasil, Marcelo Homburger, contudo, não descarta a importância dos eventos tradicionais, mas há outros muito diferentes e bem mais lesivos. “Hoje, as redes sociais podem acabar com a reputação de uma empresa ou de um executivo da noite para o dia, cujas consequências são inimagináveis”, considerou.  Homburger avalia o risco de forma ampla e destaca, como exemplo, as recentes manifestações do Chile e os ataques de drones na Arábia Saudita contra campos de petróleo. “É preciso pensar no problema de forma holística”, finaliza o CEO da Aon Brasil.

Ainda nesse contexto, o diretor de Riscos Corporativos da Mitsui Sumitomo, Luis Nagamine, reitera, com bem lembrou Emerson Bueno, da Fator, a possibilidade do seguro garantia emplacar no mercado em função de grandes projetos a serem viabilizados. E cita a Lei de Licitações (PL 1295/95).  “Aprovado o texto no Congresso, as empresas terão segurança jurídica com a transparência das contratações públicas”. Nagamine endossa a tese do mercado global: “É fundamental estarmos conectados à cadeia global. Um sinistro acontecido no Japão ou nos Estados Unidos serve de aprendizado às companhias, que estudam formas de atender adequadamente seus clientes”. 

Já o presidente do Clube Internacional de Seguros de Transporte (Cist), Salvatore Lombardi, aponta um diferencial que se pratica no mercado e o torna competitivo. “A proteção oferecida ao cliente pelas seguradoras e resseguradoras não se resume nas informações da apólice ou numa mera discussão por taxas, mas na essência do serviço prestado, como o gerenciamento do risco”. O diretor técnico de Empresas e Grandes Riscos da Mapfre, Jonson Marques, segue nessa mesma linha de pensamento: “O que importa é a qualidade do risco, alinhando a linguagem da companhia com a do o cliente”.

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