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22 Nov

Mathias Jungen, CEO da Swiss Re Brasil e Cone Sul, e Moses Ojeisekhoba, CEO Reinsurance Swiss Re, comentam em entrevista exclusiva, importantes questões voltadas à indústria do resseguro. A seguir, as ponderações de Moses:

Insurance Corp: Os últimos dois anos têm sido turbulentos para a indústria. Qual é a sua percepção sobre o que vem pela frente?

Moses Ojeisekhoba: É verdade que os últimos dois anos foram afetados por perdas significativas, mas é por isso que nossa indústria existe: para pagar indenizações rapidamente após eventos devastadores e ajudar pessoas a se recuperar e reconstruir. Tem sido um teste de resiliência, mas respondemos ao desafio e cumprimos nossas promessas nesses tempos difíceis. Isso provou nossa sustentabilidade e nos posiciona bem para o futuro.

Nós continuaremos a ver a exposição crescer à medida que a população aumenta e as pessoas vivem mais e acumulam mais ativos, especialmente em áreas expostas a catástrofes naturais. Nosso trabalho, nessa área, é garantir que as pessoas tenham um seguro adequado. Precisamos diminuir a distância entre o que é coberto e o que não é, e garantir que estamos precificando o risco adequadamente. É importante continuarmos a nos concentrar em como atendemos, de maneira sustentável, às necessidades de nossos clientes.

IC: Quais as oportunidades que o senhor vê em particular?

MO: Podemos ver oportunidades em lugares do mundo que estão prontos para experimentar o crescimento econômico a longo prazo. A América Latina se enquadra nessa categoria, assim como partes da Ásia e da África. O crescimento econômico levará ao crescimento do PIB per capita, dos ativos que as pessoas adquirem e a necessidade de gerenciamento de risco para todas as outras formas de exposição. Em um mundo cada vez mais conectado, estamos vendo novos riscos emergentes (cyber, por exemplo) e a natureza do risco sendo transformada pela tecnologia. Como indústria, temos uma oportunidade significativa de trabalhar com consumidores, empresas do setor primário e governos, para atuar com essas exposições crescentes.

IC: O que a indústria pode fazer para resolver a lacuna de proteção ?

MO: É importante considerar primeiro por que essa lacuna existe para então, abordá-la adequadamente. Sabemos que a acessibilidade, o design do produto e o acesso aos produtos desempenham um papel importante. O fato de os consumidores não estarem cientes, não compreenderem ou não terem interesse em produtos de seguro e de seu verdadeiro valor não ajuda. Estas questões devem ser abordadas para eliminar a lacuna. Para fazer a diferença, realmente, precisamos melhorar a jornada do cliente e tornar os produtos mais acessíveis. Precisamos de produtos customizados para as necessidades e para o estilo de vida individual.

Por fim, precisamos criar maneiras de precificar com mais exatidão os riscos e aumentar a transparência para orientar o cliente sobre o valor de sua apólice e ajudar a entender o próprio perfil de risco. Acreditamos firmemente que a tecnologia apresenta uma enorme oportunidade para remover barreiras. A chave para o resseguro é liberar o seu potencial.

IC: O senhor pode dar alguns exemplos de como a indústria está avançando contra o problema da subcobertura?

MO: Estamos tornando o seguro de vida mais simples com a tecnologia. Nosso pacote Magnum de soluções de subscrição automatizada está ajudando as seguradoras a simplificar o processo de solicitação e reduzir o tempo necessário para emitir uma apólice. Para que os clientes possam interagir com sua seguradora ou agente, em qualquer lugar, a Magnum é acessível em dispositivos móveis. As seguradoras se beneficiam de melhores taxas de aceitação; decisões de subscrição melhores e mais rápidas e produtos mais personalizados. Isso, por sua vez, cria consumidores mais engajados e satisfeitos.

Na província de Heilongjiang, na China, o seguro paramétrico está ajudando os agricultores a permanecer no negócio e sair da pobreza em caso de inundações, chuvas excessivas, secas ou baixas temperaturas. Usando imagens de satélite e dados meteorológicos, nós monitoramos as condições de cultivo e, se os fatores desencadeantes forem contemplados, os agricultores recebem o pagamento imediatamente. É um ótimo exemplo de parceria público-privada que também ajuda a reduzir o estresse nos recursos governamentais e garante a segurança alimentar.

IC: Além da lacuna de proteção, quais são alguns outros desafios enfrentados pela indústria?

MO: O excesso de oferta de capital é um desafio atual, impulsionado principalmente pela política monetária ao longo da última década. Isso criou um desalinhamento entre o risco subjacente e o preço. As empresas estão dispostas a gerar retornos abaixo do custo de capital. No longo prazo isso não é sustentável e precisa ser abordado.

Outro desafio que eu gostaria de mencionar é a tendência crescente de nacionalismo e protecionismo. Esse não é apenas um ambiente operacional adverso para as resseguradoras, mas é ruim também para os consumidores. Essa tendência aumentará o preço dos produtos de seguro e prejudicará nossas possibilidades de fechar a lacuna de proteção.

IC: Como o senhor prevê a participação da Swiss Re no mercado, com foco no Brasil?

MO: A Swiss Re está no mercado há 22 anos e continua comprometida no longo prazo. O Brasil é um dos nossos principais mercados de alto crescimento, e continuaremos trabalhando com consumidores e seguradoras locais para garantir que possamos criar juntos, os produtos e serviços certos para o mercado continuar crescendo. Nossas equipes locais contam com o apoio de toda a organização da Swiss Re e o benefício de aprender com nosso trabalho em outros mercados ao redor do mundo, onde enfrentamos desafios e oportunidades semelhantes. Estamos ansiosos pelo desafio!

A Swiss Re está trabalhando para desenvolver uma série de novos produtos no Brasil

Insurance Corp: Sendo a Swiss Re uma resseguradora global, como observa o mercado brasileiro?

Mathias Jungen: A Swiss Re está presente no Brasil desde 1997, inicialmente fornecendo capacidade de resseguro através do IRB, e em seguida, fazendo isso diretamente para as seguradoras, após a abertura do mercado em 2008.

Mais recentemente, a Swiss Re definiu os mercados específicos de alto crescimento em todo o mundo, que ocupam um lugar central na estratégia da Swiss Re. Dois desses mercados de alto crescimento estão na América Latina e o Brasil é um deles!

Estabelecer uma presença forte e de longo prazo no Brasil e solidificar o relacionamento com nossos clientes é fundamental para a nossa estratégia, mesmo com os desafios temporários no curto prazo. Além dos recursos para apoiar a operação brasileira no exterior, a Swiss Re conta com 70 funcionários localizados em São Paulo que são totalmente dedicados ao negócio de resseguro. A empresa também possui licença para uma resseguradora local e duas admitidas, para oferecer capacidade de resseguro de maneira flexível.

O grupo também possui uma companhia seguradora no Brasil – a Swiss Re Corporate Solutions, sendo Luciano Calheiros o CEO. As operações de seguro e resseguro são estritamente separadas e não compartilham qualquer informação dos negócios.

IC: Quais são as prioridades da Swiss Re no Brasil em 2019?

MJ: Nos últimos três anos, a Swiss Re investiu em sua aptidão de apoiar as companhias de seguros, tanto com capacidade de resseguro tradicional como para trabalhar em colaboração estreita com elas, apoiando suas metas mais amplas dos negócios.

Estas aptidões incluem equipes dedicadas que podem executar análises avançadas de dados e ferramentas para avaliar exposições de risco específicas, tanto para riscos provocados pelo homem quanto para desastres naturais. A Swiss Re também desenvolveu uma série de soluções de resseguro estruturado para atender às necessidades de capital ou liquidez.

Levar essa proposta de valor mais ampla e estratégica para nossos clientes representa uma prioridade fundamental para a Swiss Re no Brasil.

IC: Você acredita que também há espaço para trazer novos produtos para o mercado brasileiro?

MJ: Absolutamente. Todos nós sabemos que as pessoas e ativos geralmente não estão segurados, ou estão subestimados atualmente no Brasil. Estou profundamente convencido de que a penetração do seguro pode ser aumentada pela introdução de produtos mais adequados às demandas específicas de certos segmentos, especialmente para linhas pessoais e pequenas linhas comerciais.

Esses novos produtos podem ser desenvolvidos a partir do zero ou replicados com base na experiência de outros mercados com demandas similares.

A Swiss Re está trabalhando para desenvolver uma série de novos produtos no Brasil. Um exemplo são as novas coberturas de saúde, incluindo uma para doenças crônicas, que podem gerar uma tensão financeira significativa na vida de uma pessoa e produtos específicos para idosos e diabetes. A Swiss Re também está trabalhando em soluções automatizadas de subscrição, que podem melhorar a experiência dos segurados e reduzir a lacuna de proteção.

Em uma base mais ampla, acredito que nós, como indústria, ainda temos uma tarefa significativa à nossa frente no desenvolvimento de produtos acessíveis que permitirão que mais segmentos de nossa sociedade tenham acesso ao seguro.

A Swiss Re está certamente comprometida em trabalhar para enfrentar este desafio!

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